Algumas considerações iniciais

Tentarei manter uma regularidade nas postagens, mas não combinarei prazos. Por ser uma das válvulas de escapes utilizadas por mim, deixarei que este blog seja alimentado de acordo com a inspiração, e não com o calendário.

Gosto dos comentários. Não são, para mim, apenas um sinal de popularidade, como a maioria dos blogs que vejo. Eles têm um significado maior, que é o de saber como as pessoas que aqui estão pensam sobre os assuntos que comento. Portanto, fique à vontade para escrever. Na medida do possível, responderei a cada um deles.

sábado, 26 de abril de 2008

Reflexões em uma noite de sábado



Da minha janela ouço adolescentes tocando violão e cantando na porta de um bar. Quando mais jovem, não era bem esse meu programa preferido, mas ainda assim me parece ser divertido. Se estou em casa hoje, é fruto de uma série de acontecimentos das últimas semanas, entre eles um tombo de moto e, fato que já acontece há bem mais tempo, a chamada restrição financeira para extravagâncias.

Estar em casa não era bem o que queria. Gosto de sair, conversar com amigos, ver pessoas diferentes. Mas no momento penso que isso não é o melhor para mim. Tenho outras prioridades, que deveriam ser cumpridas neste período de reclusão domiciliar, mas que são realizadas apenas em parte (estudar, por exemplo).

Estranho é a busca por uma felicidade que nunca vem de forma completa. Sei que ela não existe, que a nós vivemos momentos de felicidades. Isso é mais do que óbvio para mim. Mas há momentos em que as coisas parecem ter saído do eixo, que nada se encaixa. Dias desses fiz um pequeno teste de personalidade em um site e, segunda uma definição no resultado, às vezes entro em um momento que eles denominam “modo-catástrofe”, onde só vejo o lado ruim em todas as possibilidades.

Acredito que todas as pessoas são assim, variando apenas na escala de percepção desse sentimento. São fases da vida, complicadas, bem verdade, mas que passam, assim como passam também os momentos felizes que vivemos. Talvez fosse banal termos apenas bons momentos. Os ruins têm grande serventia, que é a da valorização dos bons, quando acontecem.

Mas o que é sentir o momento da felicidade? Cada pessoa sente de acordo com o que gosta, com o que considera essencial para sua vida. Algumas pessoas ficam felizes quando ganham dinheiro, outras pela vitória do time, outras pela vitória de outras pessoas. No momento, o que me satisfaz são vitórias pessoais, quando consigo alcançar coisas que desejo, através de meu esforço. Talvez por isso que esteja passando por uma fase um pouco ruim, já que, apesar de algumas aprovações em concursos, andei tendo resultados insatisfatórios. Como disse, acredito ser apenas uma fase que, ainda que existam outros fatores, tem grande parcela de culpa exclusivamente minha. Como mudar? Simples. Mudando. Mudando métodos, rotinas, hábitos, me esforçando mais, fazendo por onde. Já tive fases em que fui um lutador, que batalhei para conseguir o que eu queria. Agora me sinto mais fraco, talvez pela idade, talvez pela falta de motivação.

Sei que você, caro amigo, não tem nada com meus problemas. Talvez, e espero que sim, você esteja em um bom momento de sua vida. Mas este pequeno relato serve como um alerta, mostrando que sempre a gente vai ter que percorrer os baixos caminhos da alegria, sempre teremos que superar momentos ruins para que o sabor da vitória seja mais gostoso. Pode apostar que em breve estarei aqui falando sobre conquistas, sobre como minha vida mudou. É assim com todos, não temos muitas escolhas. Viva, tente aproveitar seus momentos e tirar lições de qualquer coisa que acontecer, para que você esteja mais preparado quando coisas não tão agradáveis surgirem.

É isso.

Caso Isabella Nardoni - como não falar sobre?

Tudo bem que esta história já ocupa metade dos nossos telejornais. Mas resolvi escrever alguma coisa sobre, com a simples intenção de deixar como registro um dos casos mais estranhos, não pelo crime, mas muito mais pela exposição que ele teve na mídia.

Pois bem: é um caso muito cruel, sim, jamais negarei isso. Qualquer morte desta forma é cruel. Apenas acho que casos assim acontecem todos os dias, várias crianças são mortas de diversas formas e pouco se fala sobre. O caso Isabella reina na mídia há quase 1 mês, com diversos personagens que contribuem para que esta exposição se faça cada dia mais presente.

Na mesma semana que ela foi morta, um cara em BH deu um soco na boca de um bebê, matando-o desta forma. Quem ficou sabendo disso? Pouquíssimas pessoas. Era um caso para ser discutido também. Por que este caso da menina da janela caiu na mídia desta forma?

Teria sido a situação financeira das famílias envolvidas? Acredito que sim. Se o caso ocorresse na Cohab, em SP, não haveria tanta repercussão (ou nenhuma, melhor dizendo). Outra coisa que contribui, e muito, para isso, é a necessidade que a grande massa brasileira tem de acompanhar “novelas”, casos que tragam ao cotidiano a vida de outras pessoas, expõe os pontos fracos dos outros. Por que você acha que o Big Brother faz tanto sucesso assim? Pelo menos motivo, necessidade de esquecer da própria vida através do julgamento dos problemas alheios.

A mídia extrapolou seu papel de informar. Passou a acompanhar este caso de uma forma exaustiva e, desta forma, incitou a população ao pré-julgamento, condenando o pai e a madrasta da menina antes mesmo do início da produção de provas no inquérito policial. Hoje em dia a polícia paulistana é obrigada a mobilizar dezenas de policiais para apenas acompanhar os indiciados ao depoimento na delegacia. Uma tropa de elite lá, formada pelo melhores policiais, que recebem as melhores armas e treinamentos, é forçada a fazer escolta de 2 pessoas, de ter que ir à rua onde moravam para cadastrar moradores que poderão entrar no prédio no dia da reconstituição dos fatos. Isso não é brincadeira. E os outros crimes, que certamente estarão ocorrendo na cidade, quem irá combater?

Após a elucidação deste caso, é preciso que todos os atores envolvidos vejam em que medida sua participação influenciou no tamanho que este caso alcançou. Isso não pode se repetir, sob o risco de termos um colapso do sistema de punição.

É isso.