Algumas considerações iniciais

Tentarei manter uma regularidade nas postagens, mas não combinarei prazos. Por ser uma das válvulas de escapes utilizadas por mim, deixarei que este blog seja alimentado de acordo com a inspiração, e não com o calendário.

Gosto dos comentários. Não são, para mim, apenas um sinal de popularidade, como a maioria dos blogs que vejo. Eles têm um significado maior, que é o de saber como as pessoas que aqui estão pensam sobre os assuntos que comento. Portanto, fique à vontade para escrever. Na medida do possível, responderei a cada um deles.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

COMPRE DROGA, LEVE CARRO QUEIMADO DE BRINDE


O país assiste, aterrorizado, cenas de guerra urbana que costumavam passar apenas na TV, em países distantes daqui. Milhares de policiais com armas longas, tanques e blindados das forças armadas, pintura de guerra nas faces dos guerreiros. Tudo isso para entrar em uma comunidade pobre do Rio de Janeiro, em uma favela que há anos convive com a realidade da criminalidade e que não sabe o que é ter a presença do Estado naquela região.

Bem coordenada, a operação conseguiu, até o presente momento, obter sucesso. Não houve, como era esperado, confrontos sangrentos entre os bandidos e os policiais. O Estado conseguiu retomar aquele território e, segundo informações da mídia, pretende instalar no Complexo do Alemão a chamada UPP – Unidade de Polícia Pacificadora, que se trata, em linhas simples, da presença constante de unidades policiais na comunidade, afastando a criminalidade, sobretudo o tráfico de drogas.

Os números das apreensões são assustadores. Apenas no segundo dia de operação naquele local, a polícia mostra o quanto o tráfico de drogas é importante para as quadrilhas. Mais de quarenta toneladas de maconha, duzentos quilos de cocaína, uma centena de armas, entre elas fuzis e metralhadoras, milhares de munições e granadas foram exibidas à população, mostrando que muita coisa ainda pode ser encontrada.

As grandes questões feitas neste momento tratam das possibilidades de entrada dessas drogas e dessas armas nas comunidades. Os especialistas, e os leigos também, sempre mencionam a questão da proteção das fronteiras, a facilidade que os traficantes têm para trazer esse material, sem nenhum tipo de fiscalização. Óbvio, essa é uma questão crucial no combate ao crime organizado, dificultar o acesso a produtos ilícitos, aumentar a máquina estatal que fiscaliza, combate e pune quem atua dessa forma. Mas outra questão, já antes debatida, sobretudo quando do lançamento do filme Tropa de Elite, versa sobre o papel importantíssimo dos usuários de drogas. Afinal de contas, quem vai fumar aquelas quarenta toneladas de maconha? Alguém vai pagar, e caro, por essa droga, vai movimentar toda essa máquina do tráfico.

Há quem acuse até mesmo de fascista o discurso de quem coloca a culpa, também, nos usuários de drogas. Para muitos, os usuários, habituais ou não, são pessoas doentes, que precisam de tratamento médico e não de uma intervenção policial. São, segundo eles, o elo mais fraco dessa corrente, a parte sensível, não podem ser visto como culpados por uma, segundo os defensores dessa corrente, ineficiência estatal no combate às drogas.

Por mais que se tente argumentar nesse sentido, é claro para todos que somente existe venda de drogas se existir alguém para comprá-las. Ainda que o usuário não tenha ciência disso, ele é sim a origem de grande parte desse conflito. Naquele momento em que ele busca uma boca para comprar sua droga, um grande número de pessoas se mobiliza para que esta venda ocorra. São os olheiros, de olho nas polícias e nos traficantes rivais, os vendedores, as pessoas que, por alguns trocados ou mesmo por ameaça, aceitam que a droga seja guardada em suas casas e, lógico, o fornecedor maior, aquele que alimenta aquela determinada localidade.

Toda essa estrutura toda não pode ficar desguarnecida, então a solução é buscar armas cada vez mais fortes, com calibres usados em guerras. A briga pelos melhores pontos de venda costuma mobilizar dezenas de bandidos, que não se importam se pessoas inocentes serão atingidas. O rendimento financeiro com esse tipo de conduta é imensurável, sendo um dos que mais movimentam a economia mundial. Para se ter uma ideia, essas primeiras apreensões de drogas no Complexo do Alemão causaram um prejuízo de aproximadamente R$200 milhões. O tráfico de drogas é a atividade mais rentável no mundo da criminalidade, mas precisa de uma figura essencial para que toda essa engrenagem se mova: o usuário, o comprador, aquele que usa por necessidade fisiológica, aquele que usa para aparecer, não importa, aquele que alimenta todo esse sistema e que, indubitavelmente, gosta de jogar a culpa pela violência atual nos ombros alheios.

É isso.

domingo, 14 de novembro de 2010

Sobre Dilma, violência e liberdade

Eis mais uma página da história que vivo, ou melhor, vivemos. Outro dia mesmo estudava sobre militares no poder, alternância forçada na política do café com leite, crises e mais crises na tentativa de se restabelecer uma nova forma de democracia. Agora, agora mesmo, podemos ver coisas até então inimagináveis, como população indo às ruas pedindo impeachment, operário na presidência e, para surpresa (agradável para uns, nem tanto para outros) geral, vem aí uma mulher que comandará as políticas no Brasil até, no mínimo, 2014.

O Brasil passa por um período de transformação que ficará marcado; escreve, lentamente, as linhas da nova história, que nossos netos apenas terão acesso pelas fontes de informação, terão acesso às mudanças, sentirão os reflexos, positivos ou negativos, desse período no qual vivemos atualmente. É meio assustador pensar que estamos no centro do furacão, que somos testemunhas de fatos que serão registrados nos livros de História.

A questão central desse texto é falar, superficialmente, sobre a luta pela liberdade. Durante a campanha eleitoral recebi diversos emails falando sobre o passado de Dilma Rousseff, sobre como ela lutou, literalmente, contra a opressão. O conteúdo dessas mensagens era para desabonar o passado da candidata, tentando mostrar um lado criminoso, mostrar atitudes que foram alcunhadas até mesmo de terroristas pelos autores das mensagens.

Não entrarei nos méritos e nem mesmo pesquisei sobre a veracidade dessas informações, até porque muita coisa foi perdida e outro tanto está sem acesso. Criar boatos em cima de suposições é fácil, mas faz com que nos tornemos críticos sem fundamento, faz com que formemos falsas verdades, que se espalham com velocidade incontrolável através da internet.

A motivação que inspira essa linhas é ver o quanto se briga por liberdade. Muitas pessoas vivem oprimidas, com medo de tomarem atitudes, deixam de lado coisas que dão prazer por motivos os mais diversos possíveis, muitos beirando, até mesmo, certa banalidade. Alguns deixam de fazer o que gostam pelo simples fato de que outras pessoas falarão dela. Vivem em função do que o outro pensa, do que o outro irá achar, apesar de, na realidade, nem ao menos ter conhecimento de como aquela outra pessoa realmente encara determinado assunto, apesar de isso ser irrelevante.

Ser livre é fazer o que dá vontade, desde que não prejudique o outro. Liberdade é buscar a fonte de prazer, é estar no momento certo, com as pessoas certas, certas para você, obviamente. Liberdade é viver aquele dia, é aproveitar ao máximo todos os momentos, acreditar que nossa passagem aqui é breve, que um dia perdido não volta mais, que as escolhas baseadas em opiniões alheias geralmente são cerceadas da plenitude da alegria.

A crítica que foi feita é que Dilma teve que recorrer às armas naquele período. E você, caro amigo, também não recorreria, caso tivesse sua liberdade ameaçada por pensamentos autoritários, ditatoriais, impeditivos? Hoje em dia é muito fácil criticar, já que vivemos em uma democracia, em um país onde as escolhas são, até certo modo, respeitadas. Mas e antigamente? Imagine-se tendo como um colega de classe alguém infiltrado, um agente do governo que está ali apenas para ver quem não concorda com o regime, delatar e fazer o coitado sofrer as barbáries que já conhecemos.

Quem não pegaria, se preciso fosse, em armas, lutando para que isso fosse interrompido? Talvez aquelas mesmas pessoas que hoje são omissas a casos de corrupção, que aceitam as coisas como elas são, que deixam os outros fazerem o trabalho por elas. Esse tipo de pessoa é exatamente quem critica os que vão à luta, que correm atrás de benefícios não somente próprios, mas em prol da coletividade. Ser livre é ter opção de poder pensar, mas, sobretudo, é, me desculpando pela contraditoriedade dos vocábulos, ter a obrigação de pensar, no sentido de refletir e agir em prol dessa mesma liberdade.

É isso.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Partir

Se eu partir, saiba que fui feliz

Se eu partir, saiba que vivi o que quis

Se eu partir, acredite, em parte, o que falam de mim

Partindo, deixo aqui uma marca, que ainda não sei qual

.

Pouco ou muito tempo? Não sei

Talvez o tempo suficiente para conviver, para viver

Vou. Sem mágoas, sem rancores

Vou. Pedindo desculpas por erros

Vou. Pedindo reconhecimento pelos acertos

.

Ei, ainda está aí?

Não sei ainda para onde vou

Será que te vejo lá?

Será que lembrará de mim?

Até quando? Quanto? Como?

.

Ficam as boas lembranças,

os bons momentos,

aquele dia inesquecível,

aquela foto engraçada,

aquele olhar penetrante

.

E o tempo vai também

Com ele, os pensamentos, os sentimentos,

tornam-se poucos, raros, esporádicos

Daquele que um dia te fez feliz

E que agora, partiu

sábado, 16 de outubro de 2010

É possível escolher?

Quando se questiona qual o melhor lado, entre a ignorância e o saber, o conhecimento, obviamente que todas as pessoas (ao menos as mais sensatas), optarão pelo lado do conhecimento, da sabedoria, da ciência. Ninguém quer ser taxado de ignorante, de um alienado das coisas ao redor. Tudo bem, olhando sob um ponto de vista mais amplo, é possível e viável pensar dessa forma. Acontece, caros amigos, que a ignorância ou, numa melhor concepção do termo que pretendo usar, a não-ciência, não é lá de toda ruim.

Vivemos em uma era conhecida como sendo a da informação, do conhecimento cada vez mais amplo e disseminado entre todas as classes e culturas. Claro que isso não passa de um discurso politizado, de potências que tentam mostrar que a globalização quebrou todas as barreiras, começando pela interação de conhecimento. Essa quebra de barreiras, na verdade, não passa da vontade dos grandes em invadir os outros países com seus produtos e serviços, fortalecendo a própria economia e destruindo a alheia.

Voltando ao assunto inicial, acredito ser importante pensar sobre isso. Quantas e quantas vezes não ficamos mal porque uma informação chegou até nossos ouvidos? Não estou pregando aqui a aplicação plena daquele ditado “o que os olhos não veem o coração não sente”, mas penso que em muitos casos a ignorância, ou melhor, o não-saber, pode ter seu valor. Tentarei explicar...

Qual a chance de uma pessoa ser roubada? Depende, certo? Se for usar uma estatística bem simples, é uma chance dividida pelo número de habitantes do lugar. Se for apurando o estudo, começa-se a olhar os hábitos, os riscos, enfim, diversos fatores. Enfim, no final das contas, percebe-se que as chances são parecidas, que todos nós estamos suscetíveis a esse tipo de evento. Já que pode ser considerado isso, qual a diferença da pessoa que sabe exatamente os índices de criminalidade do local onde vive para a pessoa que não sabe? Talvez a pessoa que saiba vá se prevenir mais, andar mais atenta, evitar certas atitudes. A outra pessoa vai andar mais relaxada, displicente até, não deixando de fazer nada do que gosta por conta de medos adquiridos com o conhecimento de determinada situação.

E aí, qual desses caminhos escolher? Muitas pessoas vão preferir saber toda a verdade, vivendo sob tensão permanente, do que ficarem a mercê dos riscos. Outras já optarão por não tomar conhecimento, deixando ao acaso sua própria sorte. É um exemplo banal, porque nem todas as pessoas com vontade de saber esse tipo de informação terão acesso a ela, e algumas pessoas que realmente desejam ignorar terão que saber, quer seja pela profissão ou algum outro motivo.

Na política, talvez isso seja feito de forma pensada, quando o sistema não permite que as pessoas busquem mais informações, incentiva o analfabetismo político como forma de manutenção do status quo, como forma da manipulação de uma massa burra, que não consegue discernimento para dar o poder somente àqueles que poderiam fazer alguma coisa útil para a comunidade. Pagamos o preço pelo não saber da maioria das pessoas.

Outro campo em que o conhecimento também influencia é no relacionamento. Tenho certeza que se soubéssemos, a fundo, como uma pessoa é, já no início do relacionamento, dificilmente iríamos nos relacionar sério com alguém. Nesse sentido, a parte de não saber, de não tomar conhecimento, é fundamental para que o processo de interação possa ser feito aos poucos, já que simultaneamente à chegada de informações que não achamos interessantes, podemos observar outras qualidades que, se equiparadas, pendem para o lado bom e amenizam os defeitos que tanto nos incomodariam.

Enfim, o intuito desse texto é provocar uma reflexão, um debate que coloca em pauta a discussão de o que é necessário saber e o que pode ser deixado de lado. Na era da informação, nem tudo que chega aos nossos ouvidos é, de fato, lucro. Muita coisa a gente poderia não ficar sabendo, tendo assim, como prêmio, um passo a mais em busca da nossa felicidade.

É isso.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Tem coragem para isso?

Ao pensarmos na coragem para agir, logo nos vem em mente a ideia de bravura, de força e determinação unidas para alcançar aquilo que se pretende. Coragem significa um algo a mais, aquela última energia gasta com afinco. A coragem já foi e talvez ainda seja uma arma de sedução. Nos primórdios, os machos mais corajosos, que enfrentavam grandes caçadas, suportavam extremas variações de temperaturas, conseguiam as melhores mulheres, tinham mais privilégios em suas comunidades.

Por outro lado, coragem também pode significar ousadia. Sem a ousadia, a vida segue num marasmo, em uma apatia sem tamanho. Se hoje temos tecnologias que facilitam nossas vidas, é porque alguém ousou, buscou algo desconhecido com a pretensão de atender a uma determinada demanda, tentou resolver um problema, simplificar uma tarefa. Ousadia é oposto à preguiça, comodismo. Estar em uma zona de conforto pode ser bom, mas as coisas podem melhorar ainda mais se dermos um passo além dessa zona, para buscar um desconhecido que torne nossas vidas ainda melhores.

São poucas as pessoas que têm essa ousadia, essa coragem de ir além. Muitas preferem ficar onde estão, ainda que total ou parcialmente insatisfeitas com a situação, mas jamais ousam mudar, ousam pensar além daquilo que vivem atualmente, onde pode existir muito mais, existir um caminho que a satisfaça, que engrandeça.

Viver sem ousar é viver em preto em branco, é passar nesse mundo sem nenhuma cor, é ser manipulado por uma maioria que pensa da mesma forma, manipulado por um sistema que conforta para não estimular a ousadia. Ousar sempre tem um preço que, manifestado em sua menor forma, aparece na máscara da desconfiança alheia. De todo modo, é um preço que vale a pena ser pago, é um risco que se deve correr, para não passarmos por essa vida apenas por passar, para não ocuparmos apenas um espaço, mas sim o espaço, o nosso lugar.

Outro ponto passível de alguma reflexão é que, ao ficarmos inertes diante de uma situação que já está além da monotonia, estamos também impedindo outra pessoa de procurar um caminho melhor. Iludir alguém é diferente de manter a pessoa em um estado de pseudo-satisfação. Deixá-la nesse estado não ajuda, não faz bem. São meses e até mesmo anos de experiências que em nada engrandecem. É preciso, nesse caso, reconhecer que ao lado da pessoa contribuímos menos para sua melhoria do que se a deixássemos livre, buscando novas sensações. Estar por estar não é e nunca será o melhor caminho a ser seguido, visto que as repercussões negativas atingem os dois lados envolvidos na relação.

Portanto, caro amigo, pense sim no que está vivendo atualmente. Pense, mas não deixe de agir. A análise de alternativas é sempre viável, mas não se deixe levar por pena ou mesmo receio de ficar só. Pense que a decepção não faz apenas mal. Ela tem o poder de nos tornar mais fortes, de suportar outras crises e, assim, sair melhor delas. Observe os sinais a sua volta, veja que a vida proporciona oportunidades para vivermos momentos inusitados, experiências únicas, fatos que marcarão para sempre em nossas mentes. O momento pode ser esse, a virada pode acontecer agora. Não hesite, apenas ouse, aja!

É isso.
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Termino o texto com uma magnífica citação de Fernando Pessoa, divulgada ultimamente por Cleo Pires, em seu ensaio para a Playboy:

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Pá - Pum!

Eis que de repente tudo vai bem, tudo do jeito que planejamos e, como num passe de mágica, o trem sai dos trilhos e as coisas começam a dar errado. Pior de tudo que isso costuma acontecer quando estamos num suposto auge, quando tudo está funcionando perfeitamente. O que fazer nesses momentos? Muitas pessoas se desesperam, outras colocam a culpa nos deuses em que acreditam, outros ficam relaxados e esperam passar. Qual será o melhor caminho para esses momentos da vida? Há alguma receita pronta para amenizar os impactos de situações desagradáveis? Acredito que sim e tentarei mostrar um pouco.

Por pior que a situação pareça estar, com certeza ela não é definitiva e, se olharmos para o lado, veremos que tem gente vivendo bem pior e nem por isso arrancou ou quer arrancar todos os fios de cabelo. A questão é enxergar o que se passa exatamente assim, ou seja, que se passa, algo passageiro, que tende a voltar ou à normalidade ou, com o tempo, nos colocar novamente em uma zona de conforto adaptada ao novo momento.

Indignar-se diante de fatos inesperados e ruins é, com certeza, o pior caminho. Em muitos casos, é preciso ver que nós mesmos é que provocamos aquela situação, nós a criamos e, desta forma, temos a obrigação de entender e procurar reverter, se isso ainda for possível. Colocar a culpa em outras pessoas também é o caminho percorrido por muitos. O fato de jogar a responsabilidade para outros alivia momentaneamente, mas depois a carga de culpa, para as pessoas que ainda demonstram algum sentimento coletivo, fica maior que o normal.

Quanto mais nos remoemos com fatos desagradáveis, pior fica. Reclamar de tudo, apontar erros dos outros, ficar inerte, pouco vai resolver. Bola pra frente, deixa baixar a poeira, se for o caso, e busque a solução do problema. Se não tiver como resolver, parta para outra, vislumbre alguma alternativa, que o mundo gira, o tempo está passando, e sua vida vai ficar com esse corte na história caso você se sente na cadeira ou então encoste em algum muro de lamentações.

É isso.

domingo, 25 de julho de 2010

Honesto?

Gosto de começar alguns textos com definições de dicionários. Acredito que tenha visto muito isso nos textos (antigos, que são os melhores) do Max Gehringer. Saber melhor o que uma palavra significa, abre campo para a reflexão, faz a gente usar melhor as palavras em determinados momentos, enfim, ajuda na comunicação.

Hoje pensei nessa questão do ser honesto. Antes de tentar expor alguma coisa sobre isso, recorro ao amigo Aurélio para ver que honesto pode ter o significado mais óbvio, que quer dizer correto, decente, probo, mas pode significar também conveniente, adequado. Engraçado como uma palavra pode ter esse leque de aplicações, como pode, dependendo do ponto de vista, ter aplicações até mesmo divergentes de ideias.

A honestidade é um conceito muito amplo, difícil de enquadrar taxativamente todas as condutas. Pode variar até mesmo de cultura para cultura. O Brasil não é lá muito bem visto quando se fala em honestidade, visto o famoso hábito do jeitinho brasileiro. Muitas pessoas usam e abusam desse jeitinho para se dar bem, para conseguir vantagens. Não sei se isso vem de criação, da genética, da índole (sabe-se lá de onde vem isso também). Só sei que algumas pessoas agem mais dessa maneira que outras. Aqui não adianta ter falso moralismo, todos nós já levamos alguma vantagem, seja ela a coisa mais banal que for, em algum momento de nossas vidas.

Há aquela máxima que de que se deve, além de ser honesto, parecer ser honesto. Tudo bem, é importante demonstrar a honestidade, mostrar que hábitos desonestos não são bem vindos. Mas só mostrar, ou melhor, tentar mostrar mais do que o necessário, torna o gesto um pouco artificial, parece que estamos fazendo aquilo lá para aparecer. Ser honesto deve ser um hábito, não uma escolha.

Escrevi essas linhas por um acontecimento dia desses. Fui a uma loja de tênis, loja conhecida, e achei um tênis que já “paquero” faz tempo, mas ainda falta coragem de pagar a grana que pedem por ele. Pois bem, cismei de passar lá e vi o tênis com mais de R$100,00 de desconto. Na hora já pedi um pra experimentar e, lógico, já peguei a caixa e fui pagar. Para minha surpresa, na hora do pagamento, o preço estava acrescido com o valor do suposto desconto. Chamei o gerente para reclamar e quando ele chegou, viu que a diferença do valor foi devido a um erro do funcionário que coloca as etiquetas. O código do consumidor não estabelece a diferença para isso, apenas menciona que o consumidor pagará o valor que estiver declarado, independente se esse valor está abaixo do normal. Legalmente eu levaria o tênis bem mais barato, mas e moralmente? Com toda certeza essa diferença seria (ainda ouvi o gerente cochichando isso com outro funcionário) descontada do salário do funcionário que errou. Achei que não valeria a pena, não me sentiria bem sabendo que um cara que ganha um pouco mais de um salário mínimo levaria aquele baque no final do mês. Deixei o tênis por lá, mas voltei pra casa com a sensação de que, indiretamente, ajudei alguém a ficar mais tranquilo.

É isso.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Mascarando

Caso nosso cartão de visitas trouxesse todas as informações, absolutamente todas, sobre cada proprietário, as relações humanas estariam fadadas ao caos. O mundo não sobreviveria nem um dia dessa maneira. Como já falei em outros tempos, uma pequena dose (ou grande, depende do ponto de vista) de mentira se faz necessária para uma convivência mais pacífica.

Fato é, caro amigo, que constantemente nos vemos envoltos a mentiras que são, de certo modo, desnecessárias. Não há como mensurar isso de plano, não é possível ver se naquele determinado momento a mentira extravasou o limite da normalidade.

No calor da conversa, naquela “acareação”, soltamos algo a mais ou a menos do que a realidade, isso é natural. Mas com o passar do tempo, se realmente quisermos isso, é possível parar e analisar se realmente aquela mentira foi importante, se deveríamos ter dito aquilo e até que ponto a verdade dita iria mudar alguma coisa.

Penso em algumas mentiras que ouvi ao longo da vida. Penso que muitas delas não passaram de uma tentativa de proteção para atitudes mesquinhas, feitas sem pensar e que com certeza teriam repercussão negativa, como, enfim, tiveram quando a verdade veio à tona. Valeu a pena ter mentido? Valeu a pena manter uma máscara que não se sustentaria por tanto tempo? “(...) O mundo é tão pequeno afinal, o mundo é tão pequeno afinal..”.


É isso.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Rebobina para você ver!

E aí, vai fazer o que agora? Quantas e quantas vezes não nos pegamos pensando assim, tendo que tomar uma posição em frações de segundos, decisões que poderão repercutir por muito tempo em nossas vidas. É assim, caro amigo, que vamos formando as pequenas histórias que, ao final, formarão a nossa novela completa. Essa possibilidade de escolher em qual linha percorrer, de criar uma espécie de um fluxograma infinito, é que torna a vida mais prazerosa, nos motiva a buscar sempre o melhor.

Muitas dessas decisões não têm volta, é preciso entender que a vida, a partir daquele ponto, seguirá em caminho diferente, que outras pessoas virão, outras ideias, abrindo campo para novas decisões. Mas e daí, não é sempre assim? Talvez. A ruptura de uma escolha não precisa ser, necessariamente, abrupta. Um caminho mais provável que minimize traumas é tentar criar uma zona de transição, uma possibilidade de retorno caso as coisas não dêem certo.

Obviamente que há situações que exigem uma conversão total de sentidos, sem qualquer chance de se pensar em ficar no meio termo. Essas situações são, sobretudo, aquelas que se arrastam por um longo tempo, que ficam nos perturbando por extensos períodos, exigindo, assim, uma decisão mais firme, ruptura para o renascimento. É difícil detalhar quando agir dessa forma, mas é importante pensar que esse tipo de atitude é importante, ou melhor, fundamental para que possamos viver a nossa vida, largar rancores e deixar o passado no lugar que ele merece, ou seja, no próprio passado.

Há um velho ditado popular que fala que Deus dá o frio conforme o cobertor. Discordo quando se atribui a um Deus as mazelas sofridas. Mas esse ditame possui um outro significado, mais interessante, que é o de dizer que as coisas sofridas são suportáveis, não são mais do que podemos aguentar. A única diferença é que para saber o quanto você suporta, ou o quanto suportaria, só há um modo: vivenciando a situação. Aí, caro amigo, fica ruim, ninguém quer fazer esse teste para saber.

Estar no lado bom da situação querendo apenas enxergar o outro lado para ver se vale a pena seria cômodo demais. Quem não gostaria de fazer um test drive para qualquer tipo de coisa? Você vai lá, vive aquele momento, observa como as pessoas a sua volta irão reagir e se a coisa ficar feia, volta pro status quo anterior e tudo fica lindo. Utopia quem pensa que pode reverter qualquer coisa, que pode, com palavras ou atitudes, devolver a consideração que as pessoas tinham antes da mudança. Não muda. Minimizar um impacto causado não é sinônimo de retorno ao passado, ao jeito que era antes.

Esse pequeno texto estava guardado há certo tempo aqui no computador. Ficou por aqui, esperando uma finalização, alguma melhora. Acredito que não consegui nem um nem outro, mas é melhor ele ir ocupar um lugarzinho entre os outros do que ficar aqui escondido, intocável. Geralmente é assim, vem uma fase de maior intensidade na escrita, depois isso passa, dando lugar a textos monótonos e/ou repetitivos, após outra fase vem... e assim vai... ainda bem que meus poucos, mas queridos leitores, são pacientes e sempre aparecem.
.
É isso.

terça-feira, 25 de maio de 2010

A bolha

Constantemente vejo pessoas contestando obviedades, programas ditos populares, coisas da chamada cultura de massa. Não há nada de mal em se contestar alguma coisa, independente do que seja, mas desde que se tenha ao menos um motivo para isso. Contestar significa questionar, discutir, confirmar alegando alguma razão. Nunca deve ser confundido com crítica sem embasamento.

Não precisa desconectar do mundo para ser diferente dos demais. Não precisa não ver a rede globo para se achar superior intelectualmente. Basta ter discernimento para saber o que é bom, para saber o que se deve absorver e o que se deve descartar.

Fugir do trivial, apenas por fugir, é sem propósito e insano. Deixar de cumprir as facilidades que foram conquistadas apenas para não parecer mais um, é imbecilidade. Podemos ser diferentes sim, conquistar um espaço apenas com nosso conteúdo. Para a gente saber o que é bom, é preciso ao menos conhecer o que é ruim. Só criticar, estando de fora, parece-me despeito, inveja.
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Enxergo um discurso hipócrita quando vejo críticas aos modismos. Não consigo pensar uma pessoa que não se veja dentro deles. Tem gente que usa esmaltes com cores fortes, sutiã com essas cores também (sim, está meio gay isso, mas é a única coisa que consegui pensar sobre um modismo que pegou recentemente... ou você queria que eu falasse sobre as pulserinhas do sexo?)... e aí, é modismo ou não é? Claro que sim! E só porque usa isso quer dizer que a pessoa é manipulada pela mídia, é alijada do processo pensante social? Absolutamente, não!

Participar de um evento não significa dar adeus a tudo aquilo que se tem, a toda carga cultural que carregamos antes dele. É mais uma informação, que pode ou não ser útil um dia, mas que vai acrescentar experiência em nossas vidas.

É isso.

domingo, 16 de maio de 2010

Tem carta para você!

O tempo passa, muita coisa muda, mas acredito que nossa essência se mantém, ao menos aquela característica mais profunda, aquela linha na qual caminhamos durante toda nossa vida. Digo isso porque constantemente me vejo fazendo hoje em dia coisas que já fazia há muito tempo. Coisas pequenas, mas que são traços marcantes de personalidade, de gostos, de fatos ou situações que me já me atraiam antes e que ainda chamam minha atenção.

As palavras escritas sempre me favoreceram na conquista de relações, seja no campo da amizade ou mesmo em relações amorosas. Acredito que me expresso melhor por aqui e talvez por isso consiga passar uma imagem mais real do que sou, visto que num encontro casual, pessoalmente, o tempo para essa exposição é menor e em muitos casos as pessoas não dão oportunidade para você mostrar algumas características legais.

Essa questão de iniciar relações através de contatos escritos é muito antiga pra mim. Lá pelo ano de 1999, acredito eu, fui fazer uma viagem ao Rio de Janeiro e fiquei mexendo no computador da minha irmã. Não tinha computador em casa àquela época e o acesso a esse tipo de equipamento era bem restrito, ainda mais com possibilidade navegar pela internet. Pois bem, estava lá navegando e eis que entro em um chat, desses parecidos com Uol, Terra, não me lembro bem. Eis que nessas conversas encontro uma menina e a conversa vai rolando. O papo foi legal e a gente queria conversar mais, mas como eu não tinha computador, sugeri que trocássemos endereços e a partir dali nos comunicássemos através de cartas.

Num certo dia, algumas semanas após essa conversa pela internet, chego da escola e minha mãe diz “Victor, tem carta para você!”. Fiquei empolgado e fui abrir a carta para ler logo. De cara já percebi que a carta vinha perfumada e tudo mais. Não lembro bem se essa carta já veio com foto, mas ela chegou bem no início da troca de cartas. Fato é que mal lia e já corria para escrever e responder o mais rápido possível. E assim foi, fomos trocando cartas por um bom tempo, acho que por mais de um ano. Não lembro bem quando paramos com isso, ou o motivo, mas sei que não escrevemos mais e a coisa parecia ter morrido por ali. Parecia! Com as facilidades da internet, consegui encontrar essa menina, Lilian. Foi uma surpresa muito grande para ambos e foi muito gostoso lembrar daquele tempo, das cartas que até hoje são guardadas por ambos com muito carinho. Tempo legal, sem essa pornografia que impera na internet, sem interesses, só o carinho de um pelo outro, uma amizade construída pelas letras, semana a semana...

Enfim, esse texto foi só pra deixar um registro de como uma simples conversa pode mudar as coisas, pode abrir oportunidades de conhecer pessoas legais. Como é possível, com ela, poder mostrar um lado seu que poucas pessoas sabem. O mundo precisa de mais chances assim, dessa possibilidade de interação sem interesse... já pensou em quantas pessoas bacanas não conhecemos apenas porque num primeiro momento ela não despertou nossa atenção?

Obs: esse texto é uma homenagem também para a Grazi, a famosa Cinderela, com a qual mantive também uma relação assim. Grazi, minha querida, sinto falta das cartinhas... mas ainda bem que pelo menos agora você entra no email pra ler, né?
É isso.

quinta-feira, 11 de março de 2010

(Des) apegar

Se existe algo que realmente me faz refletir sobre muitas coisas, esse algo é o fenômeno da morte. Esse ainda não é o texto definitivo que quero escrever sobre o assunto, pois primeiro vou pesquisar a fundo como a morte é vista pelas religiões para poder, enfim, dissertar sobre esse tema que tanto chama minha atenção. De todo modo, seguem algumas linhas, que me vieram como uma quentura no peito, pedindo para aqui estarem nesse momento.

A morte, e aqui não posso fugir daquele pensamento clichê, é uma das únicas, senão a única, certeza que temos nessa vida. Nascemos? Vamos morrer! Mas e daí, por que falar disso agora? Porque a morte influencia praticamente tudo em nossa vida. Deixamos de fazer coisas por medo de morrer, fazemos outro tanto por medo de morrer, vivemos o tempo todo com esse receio, ainda que não pensemos nisso constantemente. A morte é um verdadeiro freio social. Tirando o lado religioso, no qual não quero entrar no mérito agora, ela segura nossos anseios, impede que façamos coisas que, apesar de nos darem prazer, antecipariam a morte, diminuiriam nossa permanência por aqui.

Quando vejo uma pessoa já bem idosa, sem consciência, ou mesmo alguém que sofreu um acidente e vive (ou sobrevive) em um estado vegetativo, penso que seria melhor não permanecer nesse estado. Não pretendo discutir a questão da eutanásia, mas acredito que em determinadas situações ela não é ruim. Acontece que esse é um ponto de vista de quem está de fora. É provável que quem esteja passando por isso, com raras exceções, queira mais é viver, acredita que a luta deve ser até o final, até quando os remédios e aparelhos não mais surtirem efeitos. Quem está vivo não quer morrer, ainda que essa ideia de vida nos pareça um tanto superficial, ante o estado em que a pessoa se encontra.

Essa semana ocorreu a morte de um jogador de futebol de salão, que ao dar um carrinho, teve sua perna perfurada por um pedaço de madeira que se soltou da quadra. Ele foi socorrido, mas morreu no hospital, com hemorragia. Vejo isso e penso na estupidez que é a morte, como ela vem dos modos mais impensáveis possíveis, como atinge as pessoas de maneira improvável. Como um cara que sai de casa para jogar bola morre assim? Como alguém que vai passar o ano novo em Angra dos Reis morre soterrado? Como uma missionária vai ao Haiti para ajudar e perde sua vida por lá? Até esse trecho, caro amigo, muitas pessoas já perderam a vida ao redor do mundo, das mais diversas maneiras possíveis.

Apesar de trágico, o evento morte também tem seu lado positivo (não pense que é somente para os donos de funerárias). Quando a morte se aproxima, quer seja por uma passagem abrupta, como um acidente, ou menos célere, como nas doenças, acontece uma espécie de revolução na vida das pessoas, ou ao menos era para acontecer. As pessoas que passaram pelo estado de quase morte conseguem enxergar coisas por um ponto de vista bem diferente daquelas pessoas que não tiveram essa sensação.

A principal mudança é o desapego a coisas materiais e a concentração de energias nos sentimentos e nas relações. Passar por isso faz o dinheiro, os carrões e os bens perderem grande parte de seu brilho. Para que acumular milhões de dólares, se você pode acumular centenas de amigos de verdade. Para que andar de Ferrari, se você pode pegar um ônibus lotado de pessoas legais, que querem seu bem? Por que tomar champagne ao lado de pessoas esnobes, se é bem mais agradável dividir aquela cervejinha com os amigos de infância que sempre estiveram presentes em sua vida? Uma pessoa com muitos bens estará sempre cercada de gente, mas nunca de pessoas. Basta secar a fonte, o dinheiro ir embora, que a maior parte desse povo vai junto, atrás de outras pessoas dispostas a pagar por uma falsa felicidade ao lado de gente não menos falsa.

Estar próximo à morte ou conviver com alguém que passe por isso, faz pensar um pouco diferente, ainda que essa diferença seja sutil. É o momento de ver que nada daquilo que se tem importa, que o que vale a pena é aquilo que se é, o seu ser, seu carisma e estima que as outras pessoas mantém por você. Morreu, é o fim. Ficam as posses, o dinheiro guardado. Dinheiro mais caro do mundo, pois deixou de ser gasto naquilo que iria fazer feliz, naquilo que iria dar prazer. Valeu a pena guardar tanto? Claro que não! Desapegue-se da matéria, apegue-se às relações, invista na emoção e o retorno estará garantido.

É isso.

quinta-feira, 4 de março de 2010

MONALISE-SE

Quando Leonardo da Vinci pintou a Mona Lisa ou, como queiram, La Gioconda, deve ter dado, e aí vem a opinião de um leigo, foco em toda o conjunto, em questões que envolvem cores, luminosidade, posições, entre outras coisas. Tudo isso é de extrema importância para a composição da obra, mas a característica mais intrigante e famosa desse quadro, que talvez nem Leonardo tenha se atentado tanto, é o sorriso da mulher, o conhecido e enigmático sorriso da Mona Lisa.

Não me pergunte como nem por que, mas foi realizado um estudo matemático sobre esse sorriso e, pasmem, através da análise de um computador constatou-se que Mona Lisa é uma mulher 83% feliz, 9% enjoada, 6% atemorizada e 2% incomodada (Wikipedia). Imaginem só: se ela é altamente feliz com aquele sorrisinho de canto de boca, que dirá então o da Fafá de Belém?

Independente do estilo ou mesmo da intensidade, a verdade é que o sorriso é fundamental na nossa vida. Rir, quando o sorriso vem de dentro, faz bem, ajuda a esquecer problemas, abre portas para novas relações. Um sorriso, quando é dado com sentimento, de verdade, provoca alterações no corpo, dá uma pausa em todo negativismo que nos ronda e joga na corrente sanguínea alguma substância que relaxa, que nos deixa com uma sensação de conforto.

Sorrir é a ponta de um iceberg chamado pensamento positivo. Pessoas que pensam assim, que agem sempre com o intuito de que as coisas darão certo, sorriem mais. Mas isso não quer dizer, necessariamente, que quem vive mostrando os dentes por aí seja uma pessoa positiva. Muitas pessoas tentam passar uma imagem de felicidade, mas no fundo estão se corroendo, sofrendo e, ainda que não percebam, entrando em um círculo vicioso ainda maior, já que ao não assumirem os problemas, ao tentarem mascará-los, a angústia vem muito maior do que é na verdade.

O outro lado também não é benéfico. Pessoas emburradas, mal humoradas, que não conseguem achar graça em nada, sofrem por dentro, não gostariam de estar nesse estado de espírito, mas pouco fazem para mudar, quer seja por orgulho, quer seja por receio de serem vistas como inocentes demais, iludidas, ingênuas. Há pessoas que só enxergam as coisas com esse tipo de olhar, só pensam de forma negativa, não observam que praticamente tudo pode ter um lado positivo, nem que seja apenas a experiência de ter vivido um momento ruim, experiência essa que servirá para nos deixar menos vulneráveis caso esses eventos ocorram novamente.

Tentar enxergar as coisas sob um ponto de vista menos pessimista é o caminho. Obviamente que não estou incentivando que se abandone o espírito crítico, que se deixe de lado a raiva, a reprovação, quando a situação assim exigir. Mas tudo isso tem um limite, ou seja, aquele momento é sim importante, mas não é recomendável internalizar isso, levar a ferro e a fogo, fazer dele uma constante em sua vida. Isso sim faz mal, nos diminui como seres humanos, coloca sobre nossas cabeças uma nuvem carregada de energias ruins.

O aviso aqui, caro amigo, é pensar e fazer o bem sempre. Mas o que é esse tal bem? Acredito ser aquilo que mexe conosco e que, ao mesmo tempo, não interfere negativamente na vida de ninguém. Além disso, sorria! Rir de piadas, de situações, relembrar fatos engraçados do passado, mas rir. Passar a vida de mau humor não vai melhorar em nada seu cotidiano, vai afastar pessoas legais do seu caminho. Um sorriso bem dado abre portas, portas físicas e sentimentais...pense nisso!

É isso.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Então é não, senão...

Estatisticamente, possuímos apenas duas alternativas quando somos questionados, ou seja, 50% de chance de usar um sim, 50% de usar um não. Pena que a estatística não é usada nas relações, no contato com as outras pessoas no nosso dia a dia. Diariamente nos vemos diante desse conflito, de usar o sim ou o não de acordo com o que realmente queremos, e não apenas para agradar ou não magoar.

Ficar em cima do muro nem sempre resolve, apesar de ser uma solução menos traumática em muitos casos. A chance de não causar transtornos é menor se não assumirmos uma postura que venha contrariar pontos de vistas alheios. Diga-me, caro amigo, se você já conviveu com pessoas assim, que tentam ser sempre conciliadores de tudo e de nada, que não adotam o ponto de vista apenas para não baterem de frente com ninguém, ainda que esse pequeno embate em nada interferirá em sua vida. É mais fácil encontrar esse tipo de pessoas do que se imagina.

Ser flexível é uma característica importante, não é necessário bater o pé e brigar apenas para satisfazer o ego. As mudanças de opiniões ocorrem naturalmente, na medida em que vamos amadurecendo, vendo que nada é imutável, que o ponto de vista de hoje pode não ser, necessariamente, o de amanhã. O nome disse é evolução. Evoluímos quando somos capazes de nos colocar no lugar do outro, para tentar entender o motivo daquela opinião; evoluímos ao aceitar que nosso ponto de vista é retrógrado, que não cabe mais naquele momento, naquela situação.

Dizer sim a tudo e a todos vai nos tornar pessoas mais queridas, é bem provável que isso aconteça. Fato é que, ser solícito sempre é bom para quem está de fora, mas pode ser terrível para quem age assim a todo o momento. Fazer coisas que nos desagradam apenas para satisfazer desejos de outros não é produtivo, não nos tornam pessoas melhores. As coisas realizadas dessa maneira não carregam a carga do prazer, da nossa dedicação. Isso pode nem ser notado por quem recebe, mas nós, que produzimos, vemos que ali não tem a perfeição que um ato feito de coração teria.

Perde-se muito ao evitar o uso do não. Perde-se confiança, porque as pessoas começam a ver que sua personalidade é frágil, que não possui valores próprios, ideais. Perde-se oportunidade, visto que despendemos tempo e energia em tarefas que não nos satisfazem. E, por fim, perde-se a auto estima, pois iremos viver sempre em função daquilo que esperam de nós, e não do que realmente acreditamos, bastando que outra pessoa diga um sim melhor que o nosso para que aqueles que achamos estar ao nosso lado nos deixem.

Acredite em você, saiba que dizer não a alguém pode ser benéfico, pode mudar o destino daquela pessoa. No início pode até aparecer uma mágoa pelo fato dela ter sido contrariada, de não ter o desejo satisfeito. Mas ela vai amadurecer, vai refletir, ver que nem sempre se tem aquilo que se quer, que o mundo não vai dar o mesmo tratamento que os pais deram. Com isso ela vai buscar o melhor, correr com as próprias pernas, enxergar que ela consegue sem ter que depender de ninguém. E, tenha certeza, um dia ela será grata por ter ouvido aquele sonoro não de você.

É isso.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Orgulhoterapia

Ninguém gosta de ser contrariado e, se fosse possível, as coisas deveriam acontecer sempre do modo que pensamos ser melhor. Sim, é um pensamento egoísta e que, felizmente, deixamos de colocar em prática por diversas questões, principalmente quando pensamos que isso só vai dificultar as relações interpessoais, que vai nos tornar pessoas menos sensíveis às causas alheias.

Cada um reage de uma maneira quando observa que não se seguiu aquilo que pensava, que achava ser a melhor opção. Uns ficam tristes, outros irritados, cabisbaixos e até mesmo depressivos. Há aqueles que internalizam e sofrem sozinhos e aqueles que deixam transparecer, não importando com o que as pessoas em volta irão achar daquele comportamento.

Fato é que, variando apenas quantitativamente de pessoa para pessoa, um sentimento vem à tona nesse momento. Esse sentimento é o que conhecemos por orgulho. Buscando auxílio do meu amigo Aurélio novamente, orgulho pode ser definido, no sentido que busco aqui, como um “conceito elevado ou exagerado de si próprio; amor-próprio demasiado; soberba”. Será que tal sentimento já rondou seu coração alguma vez, caro amigo? Bem provável que sim, não é?

Não é passível de crítica se isso já lhe ocorreu alguma vez. É natural sentirmos isso quando nos vemos em situações nas quais somos contrariados. Nosso amor próprio faz com que as possibilidades de resolução daquele determinado problema sejam reduzidas. Em alguns casos, não conseguimos enxergar que apenas uma atitude, uma palavra, poderia minimizar os impactos negativos de nossas decisões. Mas não, preferimos assumir aquela postura como uma verdade absoluta, sem qualquer possibilidade de alteração.

O orgulho só nos diminui, apesar de parecer o contrário. A própria valorização, se feita de forma demasiada, também nos diminui. Não aceitar o ponto de vista contrário, ou ao menos tentar compreendê-lo, idem. Como visto, caro amigo, se isolar dentro de seu imaginário, de suas convicções, pode ser maléfico, pode torná-lo uma pessoa menos querida, menos acessível. O que se ganha sendo intransigente? Absolutamente nada.

A pessoa orgulhosa não assume que errou, não consegue pronunciar a palavra desculpa. Em muitos casos tem ciência que não agiu corretamente, que poderia ter adotado outra postura. Fica sem conversar com pessoas queridas porque não enxerga nada além do seu próprio ponto de vista. Perde dias, meses e até mesmo anos de um bom relacionamento com uma pessoa querida, ainda que essa pessoa tente restabelecer a relação. E para que tudo isso, a troca de que? Mais uma vez é resposta é: para nada.

Não há muito que se dizer a uma pessoa que tem no orgulho a base de seus sentimentos. É muito complicado querer mostrar a ela que existe outro caminho, que outro ponto de vista pode ser mais interessante. Ela mesma precisa mudar, impor barreiras a esse sentimento, enxergar que em nada ele pode beneficiar. Isso é um processo de auto conhecimento, de evolução, que deve ser duradouro, uma batalha diária. Uma transformação lenta e gradual, com pitadas caprichadas de humildade, compaixão, bom senso, enterrando esse orgulho o mais fundo possível, para que ele jamais volte.

E como lidar com pessoas assim? Eis uma resposta ainda mais complicada. É louvável tentar contato, aparar arestas, mostrar o outro ponto de vista de uma forma mais sutil, menos conflituosa. Mas até que ponto, até quando é possível agir dessa maneira? Acredito que seja até o momento em que sua vida não será anulada por causa disso. Correr atrás de alguém que não aceita que errou, que não vê que estamos perto para ajudar, é desgastante e, na maioria dos casos, não surte resultados. Fique bem consigo mesmo, pense que você fez o máximo que poderia ter feito. Um dia, e é bem provável que esse dia chegue, o orgulhoso verá que poderia ter sido diferente, que ele jogou fora a chance de ser feliz naquele momento por pura vaidade. Aí será tarde, bem tarde...

É isso.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Velando a hipocrisia

A hipocrisia, segundo meu amigo Aurélio, trata-se de impostura, fingimento, simulação ou falsidade. Mais do que isso, é um comportamento inerente ao ser humano, que utiliza esse subterfúgio para parecer mais sensível, menos frio e calculista. Somos constantemente hipócritas, tentamos passar uma imagem melhor do que carregamos em nossa essência, agimos seguindo algumas convenções sociais, ainda que desagrade, apenas para sermos mais bem aceitos na comunidade na qual vivemos.

Não sei se existe outro lugar onde melhor vejo a expressão da hipocrisia do que um velório. O ambiente é muito triste para a maioria das pessoas, um ente querido que se foi, uma vida reduzida a um corpo dentro de um caixão. Todo esse clima proporciona um tipo de conversa, que acontece após aquele momento de impacto de ver a pessoa morta, que é amparada, na maioria das vezes, por discursos hipócritas.

O papo geralmente é o mesmo: “é, a gente precisa aproveitar mesmo a vida, nunca sabemos quando vamos embora desse mundo” ou então “a gente não leva nada dessa vida, não devemos ser apegados a coisas materiais, não se leva nada no caixão”. Papo furado! Observe as pessoas e veja: quem mais fala isso são as que agem justamente ao contrário do que estão pregando, que vivem apenas em função das coisas, não dos seres.

A morte deveria mesmo abrir nossos olhos para essas questões. Por que ser tão apegado a bens, a coisas? Por que não ajudar a quem precisa? Por que não fazer coisas que dão prazer apenas para guardar dinheiro, ou apenas para não ficar mal visto no grupo social, ainda que o desejo não seja ilegal ou imoral, por exemplo? De fato, o discurso nos cemitérios é a verdade que se deseja, mas não a verdade que se busca, a que se manifesta em nosso cotidiano.

Viver a vida sem ter esse apego excessivo à matéria seria muito melhor. Ajudar quem precisa, dentro das nossas possibilidades, é uma dádiva. Infelizmente nosso sistema é cruel, só existem pessoas ricas porque há uma grande massa pobre que é constantemente explorada. Sem isso o sistema não seria possível. Mas há alternativas para minimizar essas questões, para fazer com o que nosso semelhante sofra menos.

Não estou falando, caro amigo, apenas de ajudar financeiramente a quem precisa. Lógico que isso também é necessário, mas não deve ser visto como única alternativa. Ser educado, em muitos casos, é uma forma de ser melhor com as pessoas. Cumprimentar o porteiro, ou a faxineira, não deve ser feito apenas porque é bonito mostrar para as pessoas que você é um ser humano legal, mas sim porque o seu desejo é esse, é ser gentil com qualquer pessoa, independente da posição social que ela ocupe.

Ainda que a violência nos assuste, vejo uma situação onde ela, a violência, se manifesta de forma velada, mas não menos cruel que as demais. Ao pararmos nos sinais, as pessoas vêm vender coisas e, em muitos casos, fechamos ou vemos as pessoas fecharem os vidros e fixarem o olhar para frente, ignorando quem está ali tentando ganhar algum dinheiro com o trabalho. O ato de ignorar é uma violência sem tamanho. Ter a sensação de estar invisível é muito traumático, é doloroso. Isso motiva outras atitudes agressivas que nos parecem atos isolados de criminalidade, mas que trazem em suas raízes o sentimento de raiva, de sofrimento, de querer demonstrar que existe da pior maneira possível, mostrando poder de dominação através de atos violentos.

Antes de falar, de pregar alguma verdade, é bom pensar se realmente agimos daquela maneira. Dar conselhos é bom, mas segui-los, antes de externá-los, é ainda melhor. Pense nisso e reflita um pouco sobre suas atitudes, se elas condizem o que você pensa, se combinam com a imagem que as pessoas têm de você e se de fato elas conseguem melhorar alguma coisa nesse nosso mundinho tão estranho.

É isso.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Meu dia é hoje, minha hora é agora

De onde veio o tal juízo? E as tais regras de conduta, quem as inventa? Não pretendo responder a esse tipo de pergunta, mas sempre me pego questionando o que determina que a gente faça um tipo de coisa e não outro diametralmente oposto. A sociedade gosta de cobrar atitudes, mas não corresponde com essas mesmas atitudes quando se encontra em situação semelhante.

Fico observando alguns programas de igrejas, sobretudo as evangélicas, que passam na televisão madrugada adentro (viu que falta faz uma TV a cabo?). Observo os discursos, as teorias, as possíveis soluções para os problemas (todos eles, frisa-se). Vejo uma fala sem conteúdo, um jeito de ser que eles determinam, mas que os próprios não seguem em seu cotidiano. É muito mais fácil dar pitacos na vida alheia do que mostrar, com exemplos, como se deve fazer. Uma pena que esse tipo de comportamento não fica apenas na telinha, mas é percebido o tempo todo, em qualquer lugar.

Se eu fosse fundar uma igreja, uma seita, sei lá, seria a Igreja do Bom Senso. E o que eu pregaria nessa igreja? Faça o que quiser, na hora que quiser, do jeito que bem entender, e respeite apenas uma regra, um dogma: seu ato não pode ter nenhum, absolutamente nenhum, reflexo negativo em nenhuma pessoa. Parece simples? Não é, de forma alguma. Praticamente todos nossos atos vão respingar em alguém. Muitas pessoas que não têm nada a ver com nossa vida são atingidas por coisas que fazemos. Isso vai desde um pensamento mais global, como jogar um lixo no chão, até uma coisa mais próxima, como uma palavra mais ríspida dita em um momento inoportuno.

Chega um momento em que é hora de dar um basta, mostrar que a vida corre independente de outra pessoa, independente do seu emprego e, não se assuste, da sua família também. Corre um tempo em que é preciso respeitar as vontades do coração, da sua emoção. Se for para ir embora, vá. Se for para dar um basta na relação, dê, não hesite. Quantas e quantas vezes você deixou de fazer algo que queria pensando em outras coisas sem a menor importância? Aposto que nessa última semana mesmo que se passou isso ocorreu contigo. Lógico que não é para enlouquecer, esquecer que as contas vêm ao final do mês, deixar de lado as leis e regras, magoar demais pessoas queridas. Como dito antes, tente não atingir ninguém com suas vontades, mas não fique preso a convenções sociais imbecis, que não são contestadas por ninguém e que seguem aí, influenciando a vida das pessoas, amarrando as vontades, cerceando os desejos.

Sua vida é só essa que você tem, caro amigo. Não vou entrar no mérito do pós-morte, isso não vem ao caso agora. Independente da teoria, só hoje você está aqui de fato. O seu passado conta sim, muito. Mas o seu presente é que te dá a chance de mudar, fazer diferente, buscar sua felicidade, sua realização. Ninguém sabe o que será do futuro, como será o dia de amanhã, se teremos as mesmas oportunidades de hoje. Não quero ficar esperando que as coisas se amoldem aos meus gostos. Se posso, vou lá e mudo, simples assim!

Temos muito pouco tempo! E muita coisa pra conhecer! Não se limite, não vire um quadro preso em molduras que você nem mesmo sabe quem construiu. Você nasceu sem bula, sem manual de instruções, não precisa ser metódico na conduta de sua vida. A liberdade de escolha é um dos grandes trunfos que dispomos e, portanto, devemos usar e abusar desse recurso. E tem mais uma: sem essa de ficar arrependido, se martirizando, vivendo amargurado por uma escolha que, teoricamente, não tenha dado certo. Pode não ter ficado do jeito que você achou agora, mas poderia ter ficado muito pior se a situação antiga tivesse se mantido. Ou vai negar que se a situação estivesse realmente boa, você pensaria em mudar? Duvido... se pensou em mudar, é porque algo incomodava.
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Viva, caro amigo, as mudanças de rumo que a vida nos proporciona. O novo sempre atrai, puxa nossas energias. Por que não mudar, não experimentar? Nada te impede, nada te segura. Experimente e saboreie o belíssimo gosto da mudança de vida, de hábitos, paradigmas, entre outras coisas.
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É isso.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Survive

Descupem-me por entrar numa área que não conheço e que, confesso, não sou muito chegado.. estou falando da área das poesias, poemas... sei que existem grandes obras de arte nesse campo, mas às vezes fico sem paciência para ler...

Enfim... de todo modo, estava por aqui e saiu isso aí... sei lá se isso é bom, se é de péssimo gosto, mas saiu isso... "baixou o santo" aqui e rabisquei essas linhas que se seguem...


SURVIVE

nas despedidas
nas minhas mentiras
nas minhas friezas
nas minhas indiferenças
e ainda assim sobreviveu o amor

nas minhas dores
nos meus dilemas
nas pressões e impressões
e ainda assim sobreviveu o amor

e o amor
que sobreviveu e ainda sobrevive
pode ser O amor
amor de ambos
amor dos dois, amor de dois, amor a dois

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Positivo atrai negativo, negativo atrai positivo

Em muitos casos, as leis da física são aplicadas ao nosso cotidiano, são usadas metaforicamente para explicar situações do nosso dia a dia. Uma dessas leis sempre me chamou a atenção, não pela sua aplicabilidade, mas sim pelo seu uso disseminado, que acaba se tornando uma verdade para muitas pessoas. É a famosa lei que fala que os opostos se atraem. Sim, é uma lei da física, visto que é utilizada nos imãs. E somente neles, creio eu.

Esse jargão é utilizado quando algumas pessoas vêem relacionamentos entre indivíduos que são, aparentemente, muito diferentes entre si. A única explicação encontrada no momento é essa, ou seja, que são tão diferentes que se atraíram mutuamente. É realmente possível ocorrer um relacionamento entre duas pessoas que se diferem de forma tão intensa? Acredito que a resposta é não. Um relacionamento, na essência da palavra, acontece quando há pensamentos em comum, desejos semelhantes, ideias que não sejam antagônicas a ponto de colocar cada um de um lado da questão.

Tudo bem que às vezes nos deparamos com umas figuras que são, em princípio, tão diferentes da gente, que nos chamam a atenção, despertam algum desejo. Há duas explicações iniciais: ou sua atenção foi ligada por uma curiosidade imensa, ou há, em seu interior, vontade de ser semelhante àquele que você passou a admirar. Talvez, por causa dos caminhos tortuosos que a vida nos leva, não foi possível assumir determinada personalidade, desenvolver certos hábitos e, por isso, algumas coisas que aparentemente são diferentes do que pensamos nos chamam tanto a atenção.

Mas então, como que fica a bendita história da atração? Mais uma vez nesse texto, bifurcarei (existe essa palavra?): a atração possui dois sentidos, a depender do tipo de relação. Em uma coisa mais simples, como alguém ficar com outra pessoa numa noite, há menos exigência de quesitos. Talvez a simpatia, a beleza ou um corpo bonito bastam para atrair. Não se exige muito, já que a relação ocorre apenas naquele momento. Penso que, ainda nesses casos, é possível ver que outros quesitos são exigidos. Vai me dizer que você nunca levou um fora de alguém quando achava que já estava tudo conquistado? O que ocorreu ali foi o realce de diferenças, sua “lataria” agradou, mas o interior nem tanto.

O outro lado da atração acontece nos relacionamentos mais estáveis. Nesses há uma necessidade muito maior de pensamentos semelhantes, empatia. Não há como conviver diariamente com uma pessoa que pensa de forma tão diversa da sua. Lógico, seu chefe pode pensar assim, seus colegas de trabalho também, mas aí a relação é forçada, você engole algumas coisas para evitar atrito. Mas num namoro, por exemplo, é preciso que ambos estejam com o mesmo pensamento, que ajam no mesmo sentido, que busquem o mesmo ideal. Já acreditou em um namoro no qual você não via futuro? Você lutava e lutava e a cada dia mais vocês se afastavam? Não havia aquela sinergia esperada em um relacionamento? Pois é, talvez a explicação esteja mais ou menos por aí.

Não dá para investir em uma relação assim. Quando os dois buscam coisas tão diferentes, foram criados em ambientes tão diversos, passaram por realidades distintas, é preciso ponderar. Há alguma possibilidade de uma parte ceder e entender que o caminho da outra tende a ser melhor? Ela consegue ao menos enxergar que o que se busca é bom para ambos? Se não for possível isso, desista, não insista num relacionamento desses. Ainda que você sofra, verá que é melhor assim. Ou vive-se uma relação de ilusão, com alguma parte agindo de forma teatral e se corroendo por isso, ou parte-se para outro caminho, deixando livre a pessoa que está ao seu lado e buscando alguém que possa estar mais compatível com seus pensamentos e anseios. Esse é um provável caminho em busca de uma estabilidade menos traumática.
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É isso.

Obs: Esse texto foi escrito em uma madrugada de plantão, com quase 12 horas no trabalho. Sei que não ficou lá essas coisas, mas perdoem-me, escrevi assim mesmo, cansado e com sono... um dia qualquer desses eu tento arrumar... ou não!