Algumas considerações iniciais

Tentarei manter uma regularidade nas postagens, mas não combinarei prazos. Por ser uma das válvulas de escapes utilizadas por mim, deixarei que este blog seja alimentado de acordo com a inspiração, e não com o calendário.

Gosto dos comentários. Não são, para mim, apenas um sinal de popularidade, como a maioria dos blogs que vejo. Eles têm um significado maior, que é o de saber como as pessoas que aqui estão pensam sobre os assuntos que comento. Portanto, fique à vontade para escrever. Na medida do possível, responderei a cada um deles.

quinta-feira, 11 de março de 2010

(Des) apegar

Se existe algo que realmente me faz refletir sobre muitas coisas, esse algo é o fenômeno da morte. Esse ainda não é o texto definitivo que quero escrever sobre o assunto, pois primeiro vou pesquisar a fundo como a morte é vista pelas religiões para poder, enfim, dissertar sobre esse tema que tanto chama minha atenção. De todo modo, seguem algumas linhas, que me vieram como uma quentura no peito, pedindo para aqui estarem nesse momento.

A morte, e aqui não posso fugir daquele pensamento clichê, é uma das únicas, senão a única, certeza que temos nessa vida. Nascemos? Vamos morrer! Mas e daí, por que falar disso agora? Porque a morte influencia praticamente tudo em nossa vida. Deixamos de fazer coisas por medo de morrer, fazemos outro tanto por medo de morrer, vivemos o tempo todo com esse receio, ainda que não pensemos nisso constantemente. A morte é um verdadeiro freio social. Tirando o lado religioso, no qual não quero entrar no mérito agora, ela segura nossos anseios, impede que façamos coisas que, apesar de nos darem prazer, antecipariam a morte, diminuiriam nossa permanência por aqui.

Quando vejo uma pessoa já bem idosa, sem consciência, ou mesmo alguém que sofreu um acidente e vive (ou sobrevive) em um estado vegetativo, penso que seria melhor não permanecer nesse estado. Não pretendo discutir a questão da eutanásia, mas acredito que em determinadas situações ela não é ruim. Acontece que esse é um ponto de vista de quem está de fora. É provável que quem esteja passando por isso, com raras exceções, queira mais é viver, acredita que a luta deve ser até o final, até quando os remédios e aparelhos não mais surtirem efeitos. Quem está vivo não quer morrer, ainda que essa ideia de vida nos pareça um tanto superficial, ante o estado em que a pessoa se encontra.

Essa semana ocorreu a morte de um jogador de futebol de salão, que ao dar um carrinho, teve sua perna perfurada por um pedaço de madeira que se soltou da quadra. Ele foi socorrido, mas morreu no hospital, com hemorragia. Vejo isso e penso na estupidez que é a morte, como ela vem dos modos mais impensáveis possíveis, como atinge as pessoas de maneira improvável. Como um cara que sai de casa para jogar bola morre assim? Como alguém que vai passar o ano novo em Angra dos Reis morre soterrado? Como uma missionária vai ao Haiti para ajudar e perde sua vida por lá? Até esse trecho, caro amigo, muitas pessoas já perderam a vida ao redor do mundo, das mais diversas maneiras possíveis.

Apesar de trágico, o evento morte também tem seu lado positivo (não pense que é somente para os donos de funerárias). Quando a morte se aproxima, quer seja por uma passagem abrupta, como um acidente, ou menos célere, como nas doenças, acontece uma espécie de revolução na vida das pessoas, ou ao menos era para acontecer. As pessoas que passaram pelo estado de quase morte conseguem enxergar coisas por um ponto de vista bem diferente daquelas pessoas que não tiveram essa sensação.

A principal mudança é o desapego a coisas materiais e a concentração de energias nos sentimentos e nas relações. Passar por isso faz o dinheiro, os carrões e os bens perderem grande parte de seu brilho. Para que acumular milhões de dólares, se você pode acumular centenas de amigos de verdade. Para que andar de Ferrari, se você pode pegar um ônibus lotado de pessoas legais, que querem seu bem? Por que tomar champagne ao lado de pessoas esnobes, se é bem mais agradável dividir aquela cervejinha com os amigos de infância que sempre estiveram presentes em sua vida? Uma pessoa com muitos bens estará sempre cercada de gente, mas nunca de pessoas. Basta secar a fonte, o dinheiro ir embora, que a maior parte desse povo vai junto, atrás de outras pessoas dispostas a pagar por uma falsa felicidade ao lado de gente não menos falsa.

Estar próximo à morte ou conviver com alguém que passe por isso, faz pensar um pouco diferente, ainda que essa diferença seja sutil. É o momento de ver que nada daquilo que se tem importa, que o que vale a pena é aquilo que se é, o seu ser, seu carisma e estima que as outras pessoas mantém por você. Morreu, é o fim. Ficam as posses, o dinheiro guardado. Dinheiro mais caro do mundo, pois deixou de ser gasto naquilo que iria fazer feliz, naquilo que iria dar prazer. Valeu a pena guardar tanto? Claro que não! Desapegue-se da matéria, apegue-se às relações, invista na emoção e o retorno estará garantido.

É isso.

quinta-feira, 4 de março de 2010

MONALISE-SE

Quando Leonardo da Vinci pintou a Mona Lisa ou, como queiram, La Gioconda, deve ter dado, e aí vem a opinião de um leigo, foco em toda o conjunto, em questões que envolvem cores, luminosidade, posições, entre outras coisas. Tudo isso é de extrema importância para a composição da obra, mas a característica mais intrigante e famosa desse quadro, que talvez nem Leonardo tenha se atentado tanto, é o sorriso da mulher, o conhecido e enigmático sorriso da Mona Lisa.

Não me pergunte como nem por que, mas foi realizado um estudo matemático sobre esse sorriso e, pasmem, através da análise de um computador constatou-se que Mona Lisa é uma mulher 83% feliz, 9% enjoada, 6% atemorizada e 2% incomodada (Wikipedia). Imaginem só: se ela é altamente feliz com aquele sorrisinho de canto de boca, que dirá então o da Fafá de Belém?

Independente do estilo ou mesmo da intensidade, a verdade é que o sorriso é fundamental na nossa vida. Rir, quando o sorriso vem de dentro, faz bem, ajuda a esquecer problemas, abre portas para novas relações. Um sorriso, quando é dado com sentimento, de verdade, provoca alterações no corpo, dá uma pausa em todo negativismo que nos ronda e joga na corrente sanguínea alguma substância que relaxa, que nos deixa com uma sensação de conforto.

Sorrir é a ponta de um iceberg chamado pensamento positivo. Pessoas que pensam assim, que agem sempre com o intuito de que as coisas darão certo, sorriem mais. Mas isso não quer dizer, necessariamente, que quem vive mostrando os dentes por aí seja uma pessoa positiva. Muitas pessoas tentam passar uma imagem de felicidade, mas no fundo estão se corroendo, sofrendo e, ainda que não percebam, entrando em um círculo vicioso ainda maior, já que ao não assumirem os problemas, ao tentarem mascará-los, a angústia vem muito maior do que é na verdade.

O outro lado também não é benéfico. Pessoas emburradas, mal humoradas, que não conseguem achar graça em nada, sofrem por dentro, não gostariam de estar nesse estado de espírito, mas pouco fazem para mudar, quer seja por orgulho, quer seja por receio de serem vistas como inocentes demais, iludidas, ingênuas. Há pessoas que só enxergam as coisas com esse tipo de olhar, só pensam de forma negativa, não observam que praticamente tudo pode ter um lado positivo, nem que seja apenas a experiência de ter vivido um momento ruim, experiência essa que servirá para nos deixar menos vulneráveis caso esses eventos ocorram novamente.

Tentar enxergar as coisas sob um ponto de vista menos pessimista é o caminho. Obviamente que não estou incentivando que se abandone o espírito crítico, que se deixe de lado a raiva, a reprovação, quando a situação assim exigir. Mas tudo isso tem um limite, ou seja, aquele momento é sim importante, mas não é recomendável internalizar isso, levar a ferro e a fogo, fazer dele uma constante em sua vida. Isso sim faz mal, nos diminui como seres humanos, coloca sobre nossas cabeças uma nuvem carregada de energias ruins.

O aviso aqui, caro amigo, é pensar e fazer o bem sempre. Mas o que é esse tal bem? Acredito ser aquilo que mexe conosco e que, ao mesmo tempo, não interfere negativamente na vida de ninguém. Além disso, sorria! Rir de piadas, de situações, relembrar fatos engraçados do passado, mas rir. Passar a vida de mau humor não vai melhorar em nada seu cotidiano, vai afastar pessoas legais do seu caminho. Um sorriso bem dado abre portas, portas físicas e sentimentais...pense nisso!

É isso.