Algumas considerações iniciais

Tentarei manter uma regularidade nas postagens, mas não combinarei prazos. Por ser uma das válvulas de escapes utilizadas por mim, deixarei que este blog seja alimentado de acordo com a inspiração, e não com o calendário.

Gosto dos comentários. Não são, para mim, apenas um sinal de popularidade, como a maioria dos blogs que vejo. Eles têm um significado maior, que é o de saber como as pessoas que aqui estão pensam sobre os assuntos que comento. Portanto, fique à vontade para escrever. Na medida do possível, responderei a cada um deles.

terça-feira, 25 de maio de 2010

A bolha

Constantemente vejo pessoas contestando obviedades, programas ditos populares, coisas da chamada cultura de massa. Não há nada de mal em se contestar alguma coisa, independente do que seja, mas desde que se tenha ao menos um motivo para isso. Contestar significa questionar, discutir, confirmar alegando alguma razão. Nunca deve ser confundido com crítica sem embasamento.

Não precisa desconectar do mundo para ser diferente dos demais. Não precisa não ver a rede globo para se achar superior intelectualmente. Basta ter discernimento para saber o que é bom, para saber o que se deve absorver e o que se deve descartar.

Fugir do trivial, apenas por fugir, é sem propósito e insano. Deixar de cumprir as facilidades que foram conquistadas apenas para não parecer mais um, é imbecilidade. Podemos ser diferentes sim, conquistar um espaço apenas com nosso conteúdo. Para a gente saber o que é bom, é preciso ao menos conhecer o que é ruim. Só criticar, estando de fora, parece-me despeito, inveja.
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Enxergo um discurso hipócrita quando vejo críticas aos modismos. Não consigo pensar uma pessoa que não se veja dentro deles. Tem gente que usa esmaltes com cores fortes, sutiã com essas cores também (sim, está meio gay isso, mas é a única coisa que consegui pensar sobre um modismo que pegou recentemente... ou você queria que eu falasse sobre as pulserinhas do sexo?)... e aí, é modismo ou não é? Claro que sim! E só porque usa isso quer dizer que a pessoa é manipulada pela mídia, é alijada do processo pensante social? Absolutamente, não!

Participar de um evento não significa dar adeus a tudo aquilo que se tem, a toda carga cultural que carregamos antes dele. É mais uma informação, que pode ou não ser útil um dia, mas que vai acrescentar experiência em nossas vidas.

É isso.

domingo, 16 de maio de 2010

Tem carta para você!

O tempo passa, muita coisa muda, mas acredito que nossa essência se mantém, ao menos aquela característica mais profunda, aquela linha na qual caminhamos durante toda nossa vida. Digo isso porque constantemente me vejo fazendo hoje em dia coisas que já fazia há muito tempo. Coisas pequenas, mas que são traços marcantes de personalidade, de gostos, de fatos ou situações que me já me atraiam antes e que ainda chamam minha atenção.

As palavras escritas sempre me favoreceram na conquista de relações, seja no campo da amizade ou mesmo em relações amorosas. Acredito que me expresso melhor por aqui e talvez por isso consiga passar uma imagem mais real do que sou, visto que num encontro casual, pessoalmente, o tempo para essa exposição é menor e em muitos casos as pessoas não dão oportunidade para você mostrar algumas características legais.

Essa questão de iniciar relações através de contatos escritos é muito antiga pra mim. Lá pelo ano de 1999, acredito eu, fui fazer uma viagem ao Rio de Janeiro e fiquei mexendo no computador da minha irmã. Não tinha computador em casa àquela época e o acesso a esse tipo de equipamento era bem restrito, ainda mais com possibilidade navegar pela internet. Pois bem, estava lá navegando e eis que entro em um chat, desses parecidos com Uol, Terra, não me lembro bem. Eis que nessas conversas encontro uma menina e a conversa vai rolando. O papo foi legal e a gente queria conversar mais, mas como eu não tinha computador, sugeri que trocássemos endereços e a partir dali nos comunicássemos através de cartas.

Num certo dia, algumas semanas após essa conversa pela internet, chego da escola e minha mãe diz “Victor, tem carta para você!”. Fiquei empolgado e fui abrir a carta para ler logo. De cara já percebi que a carta vinha perfumada e tudo mais. Não lembro bem se essa carta já veio com foto, mas ela chegou bem no início da troca de cartas. Fato é que mal lia e já corria para escrever e responder o mais rápido possível. E assim foi, fomos trocando cartas por um bom tempo, acho que por mais de um ano. Não lembro bem quando paramos com isso, ou o motivo, mas sei que não escrevemos mais e a coisa parecia ter morrido por ali. Parecia! Com as facilidades da internet, consegui encontrar essa menina, Lilian. Foi uma surpresa muito grande para ambos e foi muito gostoso lembrar daquele tempo, das cartas que até hoje são guardadas por ambos com muito carinho. Tempo legal, sem essa pornografia que impera na internet, sem interesses, só o carinho de um pelo outro, uma amizade construída pelas letras, semana a semana...

Enfim, esse texto foi só pra deixar um registro de como uma simples conversa pode mudar as coisas, pode abrir oportunidades de conhecer pessoas legais. Como é possível, com ela, poder mostrar um lado seu que poucas pessoas sabem. O mundo precisa de mais chances assim, dessa possibilidade de interação sem interesse... já pensou em quantas pessoas bacanas não conhecemos apenas porque num primeiro momento ela não despertou nossa atenção?

Obs: esse texto é uma homenagem também para a Grazi, a famosa Cinderela, com a qual mantive também uma relação assim. Grazi, minha querida, sinto falta das cartinhas... mas ainda bem que pelo menos agora você entra no email pra ler, né?
É isso.