Algumas considerações iniciais

Tentarei manter uma regularidade nas postagens, mas não combinarei prazos. Por ser uma das válvulas de escapes utilizadas por mim, deixarei que este blog seja alimentado de acordo com a inspiração, e não com o calendário.

Gosto dos comentários. Não são, para mim, apenas um sinal de popularidade, como a maioria dos blogs que vejo. Eles têm um significado maior, que é o de saber como as pessoas que aqui estão pensam sobre os assuntos que comento. Portanto, fique à vontade para escrever. Na medida do possível, responderei a cada um deles.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

COMPRE DROGA, LEVE CARRO QUEIMADO DE BRINDE


O país assiste, aterrorizado, cenas de guerra urbana que costumavam passar apenas na TV, em países distantes daqui. Milhares de policiais com armas longas, tanques e blindados das forças armadas, pintura de guerra nas faces dos guerreiros. Tudo isso para entrar em uma comunidade pobre do Rio de Janeiro, em uma favela que há anos convive com a realidade da criminalidade e que não sabe o que é ter a presença do Estado naquela região.

Bem coordenada, a operação conseguiu, até o presente momento, obter sucesso. Não houve, como era esperado, confrontos sangrentos entre os bandidos e os policiais. O Estado conseguiu retomar aquele território e, segundo informações da mídia, pretende instalar no Complexo do Alemão a chamada UPP – Unidade de Polícia Pacificadora, que se trata, em linhas simples, da presença constante de unidades policiais na comunidade, afastando a criminalidade, sobretudo o tráfico de drogas.

Os números das apreensões são assustadores. Apenas no segundo dia de operação naquele local, a polícia mostra o quanto o tráfico de drogas é importante para as quadrilhas. Mais de quarenta toneladas de maconha, duzentos quilos de cocaína, uma centena de armas, entre elas fuzis e metralhadoras, milhares de munições e granadas foram exibidas à população, mostrando que muita coisa ainda pode ser encontrada.

As grandes questões feitas neste momento tratam das possibilidades de entrada dessas drogas e dessas armas nas comunidades. Os especialistas, e os leigos também, sempre mencionam a questão da proteção das fronteiras, a facilidade que os traficantes têm para trazer esse material, sem nenhum tipo de fiscalização. Óbvio, essa é uma questão crucial no combate ao crime organizado, dificultar o acesso a produtos ilícitos, aumentar a máquina estatal que fiscaliza, combate e pune quem atua dessa forma. Mas outra questão, já antes debatida, sobretudo quando do lançamento do filme Tropa de Elite, versa sobre o papel importantíssimo dos usuários de drogas. Afinal de contas, quem vai fumar aquelas quarenta toneladas de maconha? Alguém vai pagar, e caro, por essa droga, vai movimentar toda essa máquina do tráfico.

Há quem acuse até mesmo de fascista o discurso de quem coloca a culpa, também, nos usuários de drogas. Para muitos, os usuários, habituais ou não, são pessoas doentes, que precisam de tratamento médico e não de uma intervenção policial. São, segundo eles, o elo mais fraco dessa corrente, a parte sensível, não podem ser visto como culpados por uma, segundo os defensores dessa corrente, ineficiência estatal no combate às drogas.

Por mais que se tente argumentar nesse sentido, é claro para todos que somente existe venda de drogas se existir alguém para comprá-las. Ainda que o usuário não tenha ciência disso, ele é sim a origem de grande parte desse conflito. Naquele momento em que ele busca uma boca para comprar sua droga, um grande número de pessoas se mobiliza para que esta venda ocorra. São os olheiros, de olho nas polícias e nos traficantes rivais, os vendedores, as pessoas que, por alguns trocados ou mesmo por ameaça, aceitam que a droga seja guardada em suas casas e, lógico, o fornecedor maior, aquele que alimenta aquela determinada localidade.

Toda essa estrutura toda não pode ficar desguarnecida, então a solução é buscar armas cada vez mais fortes, com calibres usados em guerras. A briga pelos melhores pontos de venda costuma mobilizar dezenas de bandidos, que não se importam se pessoas inocentes serão atingidas. O rendimento financeiro com esse tipo de conduta é imensurável, sendo um dos que mais movimentam a economia mundial. Para se ter uma ideia, essas primeiras apreensões de drogas no Complexo do Alemão causaram um prejuízo de aproximadamente R$200 milhões. O tráfico de drogas é a atividade mais rentável no mundo da criminalidade, mas precisa de uma figura essencial para que toda essa engrenagem se mova: o usuário, o comprador, aquele que usa por necessidade fisiológica, aquele que usa para aparecer, não importa, aquele que alimenta todo esse sistema e que, indubitavelmente, gosta de jogar a culpa pela violência atual nos ombros alheios.

É isso.

domingo, 14 de novembro de 2010

Sobre Dilma, violência e liberdade

Eis mais uma página da história que vivo, ou melhor, vivemos. Outro dia mesmo estudava sobre militares no poder, alternância forçada na política do café com leite, crises e mais crises na tentativa de se restabelecer uma nova forma de democracia. Agora, agora mesmo, podemos ver coisas até então inimagináveis, como população indo às ruas pedindo impeachment, operário na presidência e, para surpresa (agradável para uns, nem tanto para outros) geral, vem aí uma mulher que comandará as políticas no Brasil até, no mínimo, 2014.

O Brasil passa por um período de transformação que ficará marcado; escreve, lentamente, as linhas da nova história, que nossos netos apenas terão acesso pelas fontes de informação, terão acesso às mudanças, sentirão os reflexos, positivos ou negativos, desse período no qual vivemos atualmente. É meio assustador pensar que estamos no centro do furacão, que somos testemunhas de fatos que serão registrados nos livros de História.

A questão central desse texto é falar, superficialmente, sobre a luta pela liberdade. Durante a campanha eleitoral recebi diversos emails falando sobre o passado de Dilma Rousseff, sobre como ela lutou, literalmente, contra a opressão. O conteúdo dessas mensagens era para desabonar o passado da candidata, tentando mostrar um lado criminoso, mostrar atitudes que foram alcunhadas até mesmo de terroristas pelos autores das mensagens.

Não entrarei nos méritos e nem mesmo pesquisei sobre a veracidade dessas informações, até porque muita coisa foi perdida e outro tanto está sem acesso. Criar boatos em cima de suposições é fácil, mas faz com que nos tornemos críticos sem fundamento, faz com que formemos falsas verdades, que se espalham com velocidade incontrolável através da internet.

A motivação que inspira essa linhas é ver o quanto se briga por liberdade. Muitas pessoas vivem oprimidas, com medo de tomarem atitudes, deixam de lado coisas que dão prazer por motivos os mais diversos possíveis, muitos beirando, até mesmo, certa banalidade. Alguns deixam de fazer o que gostam pelo simples fato de que outras pessoas falarão dela. Vivem em função do que o outro pensa, do que o outro irá achar, apesar de, na realidade, nem ao menos ter conhecimento de como aquela outra pessoa realmente encara determinado assunto, apesar de isso ser irrelevante.

Ser livre é fazer o que dá vontade, desde que não prejudique o outro. Liberdade é buscar a fonte de prazer, é estar no momento certo, com as pessoas certas, certas para você, obviamente. Liberdade é viver aquele dia, é aproveitar ao máximo todos os momentos, acreditar que nossa passagem aqui é breve, que um dia perdido não volta mais, que as escolhas baseadas em opiniões alheias geralmente são cerceadas da plenitude da alegria.

A crítica que foi feita é que Dilma teve que recorrer às armas naquele período. E você, caro amigo, também não recorreria, caso tivesse sua liberdade ameaçada por pensamentos autoritários, ditatoriais, impeditivos? Hoje em dia é muito fácil criticar, já que vivemos em uma democracia, em um país onde as escolhas são, até certo modo, respeitadas. Mas e antigamente? Imagine-se tendo como um colega de classe alguém infiltrado, um agente do governo que está ali apenas para ver quem não concorda com o regime, delatar e fazer o coitado sofrer as barbáries que já conhecemos.

Quem não pegaria, se preciso fosse, em armas, lutando para que isso fosse interrompido? Talvez aquelas mesmas pessoas que hoje são omissas a casos de corrupção, que aceitam as coisas como elas são, que deixam os outros fazerem o trabalho por elas. Esse tipo de pessoa é exatamente quem critica os que vão à luta, que correm atrás de benefícios não somente próprios, mas em prol da coletividade. Ser livre é ter opção de poder pensar, mas, sobretudo, é, me desculpando pela contraditoriedade dos vocábulos, ter a obrigação de pensar, no sentido de refletir e agir em prol dessa mesma liberdade.

É isso.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Partir

Se eu partir, saiba que fui feliz

Se eu partir, saiba que vivi o que quis

Se eu partir, acredite, em parte, o que falam de mim

Partindo, deixo aqui uma marca, que ainda não sei qual

.

Pouco ou muito tempo? Não sei

Talvez o tempo suficiente para conviver, para viver

Vou. Sem mágoas, sem rancores

Vou. Pedindo desculpas por erros

Vou. Pedindo reconhecimento pelos acertos

.

Ei, ainda está aí?

Não sei ainda para onde vou

Será que te vejo lá?

Será que lembrará de mim?

Até quando? Quanto? Como?

.

Ficam as boas lembranças,

os bons momentos,

aquele dia inesquecível,

aquela foto engraçada,

aquele olhar penetrante

.

E o tempo vai também

Com ele, os pensamentos, os sentimentos,

tornam-se poucos, raros, esporádicos

Daquele que um dia te fez feliz

E que agora, partiu