Algumas considerações iniciais

Tentarei manter uma regularidade nas postagens, mas não combinarei prazos. Por ser uma das válvulas de escapes utilizadas por mim, deixarei que este blog seja alimentado de acordo com a inspiração, e não com o calendário.

Gosto dos comentários. Não são, para mim, apenas um sinal de popularidade, como a maioria dos blogs que vejo. Eles têm um significado maior, que é o de saber como as pessoas que aqui estão pensam sobre os assuntos que comento. Portanto, fique à vontade para escrever. Na medida do possível, responderei a cada um deles.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

MURRO EM PONTA DE FACA



Ditadinho antigo, do tempo da vovó, que sempre vem com um significado contemporâneo, com encaixe perfeito em diversas situações cotidianas. Dar murro em ponta de faca é, em simples palavras, persistir naquilo em que se sabe ser errado o resultado. É a teimosia em sua forma mais terrível, ou seja, não abrir mão de um ponto de vista ou de uma ação em prol de um conceito ou atitude que se sabe equivocado, sem possibilidade de sucesso, em prol de um orgulho imbecil.

E quantas vezes, caro amigo, não nos vemos em situações assim, apostando em relacionamentos, empregos, atitudes, opiniões, que são considerados errados por nós mesmos e que ainda assim são alvos de veemente defesa? Qual será o motivo de tamanha insistência? Qual será o resultado que se pretende agindo assim, contra tudo e contra todos, não sendo necessário nenhum dom de vidência para saber como será o desdobramento final?

Não faço apologia ao comodismo, não mesmo! As pessoas devem sim exercitar uma boa dosagem de insistência, persistência, até mesmo uma teimosia moderada. Mas isso não pode significar falta de percepção das consequências. Muitas coisas são previsíveis, pode-se antever qual será o resultado. E por que persistir nisso? Alimentar o orgulho, provocar reações em outras pessoas (ou ao menos tentar) ou vingar-se não devem ser razões para agir contra a consciência.

Em diversos casos é preciso admitir o erro, admitir a derrota, usá-los como fonte de crescimento, de entendimento, de evolução. Não é válido canalizar os sentimentos ruins como força para atacar o que fez mal. Nosso tempo por aqui é curto para insistir no que já fez mal um dia. O novo deve ser experimentado, pessoas diferentes, situações distintas, tudo isso como forma de revigorar, de se livrar de situações maléficas.

Talvez seja inerente ao ser humano passar por crises de Homer Simpson, tomando choque atrás de choque e insistindo em colocar o dedo na tomada, sem propósito algum. Mas essas crises devem ser minimizadas, devem ser analisadas com um pouquinho de razão para que não se tornem repetitivas. Por que sofrer de novo? Por que não ter de novo? Por que não ser de novo? Vale mesmo pagar o preço que o orgulho vai cobrar no futuro ou é melhor deixar de lado e partir pra outra? Fica o questionamento para os amigos que tiveram paciência de ler até aqui.

É isso. 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

CAMINHANDO PARA A MORTE



Lá está você, caminhando, soberano, senhor de suas razões, pensando apenas no próprio umbigo, quando, de repente, bum! Tudo vai pelos ares. Não tem mais carro, não tem mais imóvel, não tem mais dinheiro, não tem mais contas. E também não tem mais o eu te amo. E nem o amo você. O me perdoe ficou pelo caminho junto com tudo isso. Aquele abraço gostoso, aquela companhia, o beijo da mãe, a atenção do pai, a bronca nos filhos, tudo fica pelo caminho.

Episódios como o que aconteceu no Rio de Janeiro, com um restaurante explodindo e matando pessoas, faz pensar neste tipo de coisa. Como somos frágeis! Que raça é essa que se considera superior, mas que se corta com um pedaço de papel? Que raça é essa que passa a vida buscando dinheiro, poder, status, mas que paga pela atenção e pelo cuidado quando fica velha?

Quais as coisas você faria se tivesse oportunidade agora? Esse tipo de pergunta geralmente é respondida com questões materiais, com aquisições que não temos oportunidade no momento. Quase ninguém responde que queria estar ao lado de quem ama, de fazer as pazes com aquela pessoa que deixamos pelo caminho por orgulho de não pedir desculpas.

Sua conta pode ser paga amanhã. Você não morrerá se seu carro não for aquele modelo caro e chamativo. Sua TV de última geração não sabe quem é você. Mas seu amigo está lá, seus pais também, a pessoa que você ama, todos estão lá, mas estão até agora. Podem não estar mais em minutos. Ou você mesmo pode não estar. Aí o carro ficou na garagem, a TV linda na sala, e os sentimentos ficarão no ar, intangíveis. Vai sobrar a saudade, o arrependimento por não ter dito, por não ter sentido, por não demonstrar. E isso, caro amigo, não tem dinheiro que pague.

Não espere, como se espera a fatura de um cartão de crédito, para ser feliz e fazer feliz. Não coloque como prioridade de sua vida a aquisição, o acúmulo, os bens. Não espere sua felicidade como se espera por um salário. A passagem por esta vida é tão curtinha, temos tão pouco tempo! Acumule boas lembranças, guarde sentimentos (e compartilhe também, claro!), traga as pessoas de bem para perto de você. Viva, experimente, busque sua essência, entenda os sentimentos alheios. A qualquer momento tudo isso pode não mais ser possível.

É isso.  

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

AS LOUCURAS DE CADA UM: INDIGNAÇÃO



Não quero enlouquecer. O mundo passa por períodos difíceis, coisas inimagináveis acontecem, pessoas nos decepcionam a cada dia mais. E não foi sempre assim? Qual terá sido a sensação de quem viveu no passado e se viu em meio a guerras, doenças mortais, ascensão de figuras ditatoriais ao poder? Será que essas pessoas também pensavam que ali seria o fim do mundo? Que a modernidade não trouxe tantos benefícios assim para eles? Bem provável que a frase “antigamente era melhor” também era dita com certa frequencia.

Não posso concordar. Nada me obriga a aceitar que a corrupção é inerente aos brasileiros. Não acredito na conversa dessa turma que comanda há tempos e que não consegue provocar grandes mudanças sociais. Não entendo como a impunidade é a capa protetora da classe política deste país.  É inadmissível ver que a aplicação do Direito não é feita de forma igualitária.

Não vou deixar de fazer minha parte. Não vou me orgulhar de ser honesto, isso não é virtude, é obrigação. Não vou adotar o jeitinho brasileiro para me dar bem. Mas também não vou me calar quando vir que outras pessoas alcançam êxitos desta maneira. Quero falar o que penso e também quero que as providências sejam tomadas. Não quero votação secreta para livrar político corrupto de punição, não quero ver a polícia sendo acusada de usar algemas quando o foco das atenções deveria ser a corrupção das pessoas detidas.

Não devo deixar as coisas como estão apenas por comodidade. Posso me esforçar, fazer bem meu trabalho, melhorar um pequeno ponto e ter a esperança que outros tantos se juntarão ao meu, formando um sistema melhor, mais justo. Não vou colocar a culpa apenas no deputado palhaço, quando na verdade nós é que estamos no centro do picadeiro, com nariz vermelho, vendo toda a corja se movimento sempre em benefício próprio. Não dei meu voto para que excelentíssimo senhor fique fazendo homenagens e dando medalhas em vez de subir à tribuna para falar algo que preste, para propor ideias que realmente farão a diferença.

Não me rotule como chato. Não pense que a omissão muda alguma coisa. Está satisfeito com o rumo das coisas? Tome partido, cobre, fiscalize, denuncie. Deixe de ver um pouquinho da novela ou do futebol para acessar a página do seu vereador, do seu deputado, veja o que ele anda aprontando. Deixe de copiar uma citação que você nem sabe de quem é na sua rede social para demonstrar sua indignação com alguma coisa. Seja criativo, você pode sim ajudar nas mudanças. Se não sabe a resposta, pergunte, questione, mas, por favor, caro amigo, não se cale, não se omita. Faça sempre a sua pequena revolução.

Não quero. E não posso. E não vou. E não devo. E não. Não!

É isso. 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A TORTURA AINDA É LIBERADA NESTE PAÍS?

Imagine a cena: o cidadão sentado em uma cadeira, ambiente escuro, apenas uma luz em cima do rapaz. Em volta dele, alguns homens com cara de poucos amigos, fazendo perguntas aos gritos. Para completar, a cada resposta negativa, sessões de esmagamento dos testículos, enforcamentos com cordas, pancadas com objetos perfurantes na barriga e lanças fincadas nas costas. Parece cena de um filme ou algum documentário retratando períodos da ditadura militar no Brasil? Pois bem, não é.

Hoje em dia, caros amigos, ainda que se espante com isso, este tipo de coisa acontece praticamente em todos os finais de semana. E, por incrível que pareça, as pessoas gostam e pagam caro para assistir a estas sessões de tortura. Os torturados estão lá, ficam quietos em seus cantos, esperando a evoluída raça humana ditar os rumos de suas sofridas vidas. E a cada anúncio dos auto falantes, lá estão eles, sendo submetidos às mais variadas formas de tortura, de crueldade, tudo em prol de alguns segundos de “diversão’ para a platéia, milhares de reais para quem tortura e milhões para quem organiza todo este circo.

É de se indignar, não é mesmo? Como pode, em pleno século XXI, acontecer este tipo de atrocidade? Como autoridades podem permitir que tais práticas sejam mantidas aos olhos de todos, como se normal fosse? Pois é, permitem e ainda apóiam, com incentivos fiscais, disponibilizando locais, incentivando com recursos públicos. Para piorar um pouco, diversos artistas de renome nacional e internacional vão a estes locais apresentarem seus shows.

Pois bem, a realidade é esta. O último caso de tortura alvo de matérias na imprensa é o de um peão que, em uma prova conhecida como bulldog, lesionou um bezerro a ponto de deixá-lo tetraplégico, tendo que ser sacrificado logo após a prova. Essa prova consiste no peão pular de um cavalo e, ainda em movimento, pegar o bezerro que foge desesperado, torcer seu pescoço até que o mesmo, para não ser ainda mais machucado, pule e se vire de costas para o chão. Outra prova com bezerros é a do laço, na qual o bezerro foge do peão montado em seu cavalo, até ser atingido por um laço no pescoço. Com o bezerro correndo, é possível imaginar o resultado disso: diversos casos de enforcamento do animal, além de lesões na coluna provocado pela freada repentina.

Na Espanha, país de primeiro mundo, evoluído, símbolo da supremacia da Europa, as touradas acontecem com frequência. Do mesmo que por aqui, lá os touros estão sujeitos às mais diversas formas de crueldade. Os animais são atingidos por estacas, lanças, espadas e adagas. Ao final, após o animal sangrar e sofrer muito, o toureiro finaliza a crueldade com uma espada, dando o golpe final e ceifando a vida do touro. Tudo isso aplaudido por milhares de espectadores.



Que tipo de espetáculo é esse em que as pessoas vão para se divertirem com o sofrimento dos animais? Até quando vamos tolerar que se maltratem seres vivos para que empresários e peões profissionais enriqueçam? Quando os artistas vão se tocar que ao se apresentarem nestes eventos, estão dando sinal positivo para tudo que ocorre lá? Por que nosso dinheiro é investido pelo poder público nestes eventos?

Somos pequenos frente à máquina que controla tudo isso. Mas podemos, ao menos, fazer nossa parte. Boicote rodeios, caro amigo, ainda que seu artista favorito vá tocar lá, não compre ingresso para vê-lo. As redes sociais estão aí, demonstre sua insatisfação com este tipo de coisa. Por mais que ache pouco, se cada um fizer sua parte, pode ser que alguma mudança aconteça. E se não acontecer do modo que desejamos, ao menos durmo tranquilo, sabendo que não contribuí para que esta barbárie continue acontecendo.

É isso. 

terça-feira, 30 de agosto de 2011

UFC X FUTEBOL: ONDE ESTÁ, DE FATO, A VIOLÊNCIA?




Ontem, dia 29 de agosto de 2011, o Correio Braziliense deu uma manchete com o seguinte teor: “Supostos lutadores da UFC espancaram rapaz na 106 Sul neste domingo”.  De acordo com a matéria, alguns jovens, após assistirem, pela televisão, ao campeonato de UFC que acontecera no Rio de Janeiro, saíram do bar e espancaram um jovem, que teve que ser submetido à cirurgia no maxilar por conta das agressões sofridas. Após a matéria, muitos comentários surgiram, sempre colocando a culpa no campeonato de artes marciais, como o próprio teor da manchete já explicita.

No mesmo fim de semana do UFC, o Campeonato Brasileiro teve a rodada dos clássicos estaduais, onde está sempre presente a grande rivalidade dos times e, infelizmente, das torcidas, sobretudo das organizadas. Diversos conflitos foram registrados, até mesmo em jogos de torcida única, como foi o caso do jogo Atlético MG x Cruzeiro, que recebeu apenas a torcida do Galo, mas que ainda assim casos de agressões foram vistos. Isso sem falar no jogo do Corinthians X Palmeiras, com registro de homicídio praticado em conflito de torcidas.

Tudo isso leva à reflexão: até quando será tolerado, e não digo apenas pelo poder público, mas por todos nós como sociedade, que este tipo de evento, no formato que tem ocorrido, aconteça? Todos os jogos que envolvem grandes torcidas acabam do mesmo jeito, com atos de violência e vandalismo. E isso porque as televisões não mostram realmente os bastidores, pois ali que acontecem as intimidações, pequenas brigas, torcidas visitantes sendo obrigadas a receber escolta da polícia desde a chegada à cidade, entrando correndo no estádio e esperando até 3 horas após o jogo para poder sair. Que tipo de diversão é esta?

Além disso, pense na quantidade de serviços públicos desviados para o atendimento a este tipo de evento: efetivo enorme de policiais, ambulâncias, médicos e enfermeiros, fiscais, entre outros. Lógico que estes serviços estão aí para nos atender, já que são mantidos pelos nossos impostos, mas será mesmo que deslocar mais de mil policiais apenas para um evento é necessário? Quanta falta estes profissionais farão no cotidiano das outras pessoas que resolveram não ir ao estádio. E este efetivo é deslocado para lá justamente pelo histórico de problemas que se tem nesses eventos. Tudo certo em se ter serviços públicos de qualidade nos eventos que nos garantam diversão, mas o que se critica é a mobilização uma verdadeira operação de guerra a cada jogo que acontece.

Partindo para o esporte em si, o UCF parece ser o mais violento, aquele que carrega consigo sangue, agressões, pancadas. E o futebol não é do mesmo jeito? Quantas e quantas vezes assistimos pancadarias em campo? E as entradas desleais, algumas chegando até mesmo a serem julgadas pelo STJD com punições aos atletas? Futebol é sim um esporte violento, mesmo em peladas os atletas saem contundidos, roxos. E isso é normal, assim como é normal no UFC o atleta sair de olho roxo, sangrando. Faz parte do esporte. E isso não quer dizer que as pessoas que assistem as lutas vão sair por aí quebrando o primeiro cidadão que aparecer na frente. Assim como quem assiste a uma partida de futebol não vai sair por aí dando carrinho por trás em todo mundo.

É preciso repensar o formato da exibição dos eventos, principalmente os esportivos. Não dá mais para ir aos estádios e passar por tudo isso. Não dá mais para ver milhares de servidores deslocados para atender a um bando de marmanjos que vão para lá somente para brigar, causar tumulto. Não dá mais para aceitar organizações mantidas com dinheiro sabe-se lá de onde, que se escondem atrás dos escudos dos clubes, mas que detém poder muito maior do que deveriam ter. Não dá mais para pagar para assistir futebol e ter de brinde seções de vale tudo (vejam, não é sinônimo do que se pratica no UFC) do lado de fora dos estádios. Chega! O árbitro já apitou o fim deste jogo e todos nós já fomos nocauteados faz tempo.

É isso. 

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

ETERNA PROCURA



“Procuramos ET`s e cometas, mas não conhecemos ao menos nosso vizinho”. É mais ou menos assim que Gabriel, o Pensador, filosofa em uma de suas músicas. Quanta verdade em poucas palavras, quanta forma de ver a vida, quanta hipocrisia no nosso jeito de viver! Buscamos ir sempre além, mas não conseguimos enxergar as coisas simples que estão por perto. Não conseguimos ou não queremos? Não conseguimos ou nem ao menos tentamos?

Esta conversa não é um estímulo ao conformismo. É uma exaltação à valorização do que é tangível ali, naquele momento. Buscar a simplicidade nem sempre é estar ao lado do mais fácil, não é abrir mão de trabalho, de esforço. Ao contrário disso, esta busca incessante é árdua. Não é simples viver de um modo simples, por mais contraditório que isso possa parecer. A busca por coisas agradáveis é eterna, não cessa. A conquista de hoje torna-se fútil amanhã. E passamos a vida assim, indo atrás de coisas que mal sabemos como realmente serão. Depositamos em conquistas futuras todas as fichas de nossa felicidade. E aposta, como o próprio nome diz, é incerteza, com chances, que não são pequenas, de derrota.

O que te faz feliz? E o que você faz para ser feliz? Parece tão fácil responder isso, mas pense bem, caro amigo, você realmente tem um caminho já traçado rumo à felicidade? Tem mesmo ou está enxergando no futuro uma resposta esperançosa para esta questão? Não quero ser pessimista, mas talvez a resposta seja esta mesmo. Quando eu passar em um concurso, quando me formar naquela faculdade, quando ganhar na loteria... sempre o quando dito diversas vezes, dando a forma de uma felicidade que apenas seria, mas não é.  E não vai ser, quando o quando enfim chegar, será apenas mais um, curtido durante pouco tempo, abrindo espaço para outros, adiando, com eles, a constatação de que se está bem, feliz.

É isso.

Obs: a música em questão chama-se "Dentro de você". Áudio e letra podem ser encontradas no seguinte link: http://letras.terra.com.br/gabriel-pensador/96129/

domingo, 14 de agosto de 2011

OLHOS



Os olhos se cruzam com a certeza de já se terem vistos. O improvável toque daquelas duas linhas paralelas ocorreu. Lá está ele, lá está você. E agora? Tudo imaginado, tudo combinado, tudo esperado, e agora? O tempo passou, algumas coisas mudaram, mas o inevitável está acontecendo naquele exato momento e vocês ali parados, atônitos, aguardando uma atitude, uma deixa, um sinal que possa tornar real tudo aquilo que um dia pareceu tão distante.

Não precisa falar mais nada. Os olhos já dizem tudo. Ah, os olhos, sempre eles. Os responsáveis por tudo isso, aqueles que não precisaram fazer nada, apenas existirem, olharem para um ponto e ponto final. Arrebatadores, alimentaram um desejo, uma curiosidade, alteraram rotinas, geraram premonições, exercícios de futurologia barata combinada com sonhos inconscientes.

Que não se perca mais tempo! Que cada minuto seja esticado ao máximo, que os ponteiros se arrastem e que dois corpos se tornem apenas um. Que se eternize cada ato da cena. E que se apague todo tipo de culpa. E que, ainda, se libere todo tipo de desejo reprimido. E que assim seja, e é exatamente assim que vai ser.

Estar perto o bastante para me ver refletido em seus olhos. Quero ser o foco do seu olhar, sem desvio, sem intervenções. Quero começar a estar em você pelos seus olhos.

É isso. 

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

MOMENTO MUSICAL: PEDAÇO DE MIM

Não há como não se emocionar com uma letra e uma interpretação desta.

Chico Buarque e Zizi Possi, 1978, "PEDAÇO DE MIM"



Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar
Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais
Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu
Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi
Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Leva os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

ONDE ISSO VAI PARAR?



Que as coisas não vão bem em diversos campos, isso é notório para todos. A saúde agonizando, educação precária, profissionais mal remunerados, desmotivados, falta de estrutura e equipamentos. Parece ser sempre o mesmo blá, blá, blá. Mas entre as diversas mazelas sociais que ocorrem neste pobre rico país, uma me chama mais a atenção: a segurança pública.

Não irei entrar no mérito do sucateamento das polícias, da falta de efetivo, dos míseros salários pagos em alguns estados, transformando a profissão em um subemprego, em uma última opção de trabalho. Isso também já é senso comum, notícia corriqueira. O que mais preocupa dentro da segurança pública é a inversão de valores que ocorre atualmente.

Entendo perfeitamente o espírito da Constituição de 1988. Ela foi elaborada por pessoas que vivenciaram situações de extremo abuso de poder, sobretudo pelos militares. Entendo também que a polícia de outrora era por demais politizada, entranhada em um sistema brutal e corrupto, servindo a interesses de um ou outro grupo que se revezava no poder. Tudo isso contribuiu para que um conjunto de leis mais rígidas no que tange o controle de abusos fosse criado. Além disso, a proliferação de políticas voltados aos interesses de defesa dos direitos humanos tornou-se uma realidade indissociável de qualquer lei que porventura seja criada.

O que está acontecendo nos dias atuais é justamente uma inversão de valores. A cada dia novas leis penais são criadas, favorecendo que opta pelo mundo crime. Brechas legais são utilizadas por experientes advogados para postergar condenações. Policias, ao contrário do que dita a lei, são praticamente considerados culpados até que se prove a inocência.  Militantes dos direitos humanos confortam famílias de presos, mas não auxiliam famílias de policiais mortos no cumprimento do dever. O próprio Estado paga auxílio reclusão de R$ 798,30 para famílias de detentos, enquanto briga para que o salário mínimo fique em R$545,00 e, ao mesmo tempo, tira todas as gratificações do policial da ativa que teve que se aposentar por invalidez em decorrência de acidente em serviço.

Onde está, afinal, a real defesa dos Direitos Humanos? Ela só existe para um lado da moeda? Cadê o Estado que não está vendo que as pessoas estão perdendo o principal de seus direitos, que é a liberdade? Como ter qualidade de vida se ela vem desacompanhada da sensação de segurança? Por onde andam os direitos dos cidadãos de bem de possuírem seus bens sem a preocupação de ter que escondê-los? Até quando vamos suportar infratores com mais de trinta passagens pela polícia soltos nas ruas e cometendo os mesmos crimes?

O Brasil marcha, perigosamente, para um caminho sem volta. Não gera votos investir em segurança pública. Não gera mídia o esforço para que um novo modelo de segurança seja implantado. As coisas não vão bem e a tendência é piorar. Os bandidos debocham de todo o sistema penal, a polícia e a justiça estão cada vez mais amarradas por leis criadas sem um mínimo critério, os presídios caríssimos não recuperam mais ninguém. Muitas questões, nenhuma ação e o sangue de gente inocente sendo derramado sem respingar nos detentores do poder, já que para eles o sistema não falha, pois vivem num país paralelo, com carros blindados, seguranças particulares e condomínios de luxo.

É isso.  


Obs: para ilustrar, segue vídeo mostrando o quanto um bandido e seu advogado se importam com a justiça. 



quinta-feira, 4 de agosto de 2011

CONJUGANDO




A percepção do tempo varia de acordo com o desejo e ambos são razões diretamente proporcionais. Por saudade, por ansiedade, o tic tac do relógio não soa igual para todos, os ponteiros não correm na mesma velocidade. Querer muito, desejar demais, atrasa, posterga, distorce o tempo em desfavor de quem o aguarda.

O tempo está ali, caro amigo, quer você queira, quer não. Querer antecipá-lo mudará algo no resultado final? E por que, então, todo este sofrimento, toda esta tensão? Faça bem feito o meio, que o fim virá da forma que se espera. E se não vier, paciência, mude a rota, o sonho, talvez aquilo não lhe preenchesse, não seria tudo o que esperava.

Tempo, tempo, tempo. Coisa estranha é o tal do tempo! Outro dia era apenas um menino, que distância havia do mundo adulto! Demorou tanto para crescer e agora vejo o quão rápido foi tudo. Cadê aquela vontade de brincar, cadê a despreocupação, onde estão as relações sem interesse, cadê todo mundo na rua para jogar golzinho, cadê, cadê?

Temos muito pouco tempo por aqui. Em alguns casos o jogo termina ainda antes do apito final. E a passagem para alguns é marcada por rancor, arrogância, indiferenças, tudo que prejudica não só quem sente, mas, principalmente, quem recebe.  Qual o sentido de se viver assim?  Por que buscar o conflito se as arestas podem ser aparadas? Por que não abrir mão de posições extremistas sabendo que é assim que se pacificam relações?

Relações duradouras, relações efêmeras, mas relações. Não fuja delas, no fundo são elas que sustentam nossa existência, que fazem com que as coisas por aqui adquiram algum sentido. Desfrute o tempo que tiver perto das pessoas que lhe fazem bem, que proporcionam boas sensações. Esse tempo corre igual como em todos os casos, mas cada minuto assim demora mais, se arrasta, quando vivido, e que depois será marcado na memória como tempo que passou veloz, mas tempo que será lembrado, tempo marcado no próprio tempo.

É isso.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O CORPO COMO MOEDA E AMY WINEHOUSE



Não, caros amigos, não irei escrever aqui sobre prostituição ou algo do gênero. Também não vou falar de loucuras que alguns fazem em vender partes do próprio corpo. A conversa aqui vai girar em torno de como maltratamos nossos corpinhos, como não damos valor a uma máquina tão complexa. Atitudes diárias que dão prazer, mas que serão cobradas em determinado momento.

Cada ação gera uma reação, já diria Newton. Com o corpo isso também ocorre. Uma alimentação desequilibrada aqui, umas gordurinhas ali, um excesso de álcool, uma cirrose, alguns cigarros, problemas no pulmão, e por aí vai. Pequenos prazeres que vão, pouco a pouco, deteriorando o organismo. Mas e aí, até que ponto é possível e viável pagar este preço em prol de um prazer, em virtude de uma causa? É aí que Amy entra na história.

Amy, pelo o que ficamos sabendo ao longo dos anos através da mídia, viveu uma fase de sua vida entrelaçada às drogas e ao álcool.  Buscou neles refúgio, conforto, amparo, esquecimento. Conseguiu ter realmente o que buscava? É impossível saber, somente ela poderia responder. O que a gente tem certeza é que eles foram fatores importantes em sua vida, foram decisivos em diversos momentos de sua curta carreira. Amy, assim como muitos outros artistas inovadores e de expressão, trocou a sanidade por uma loucura temporária inspiradora. Ganhamos em arte, mas o corpo de Amy, aquele corpo franzino mostrado exaustivamente por aí, cobrou seu preço, neste caso o preço maior, o preço da vida.

É justa esta troca? Quem estaria disposto a encarar o desafio? Quase ninguém, é a resposta. Amy, assim como contemporâneos seus que morreram de forma semelhante, faz parte de um seleto grupo de pessoas que pisaram neste planeta para inovar, expressar uma arte, renovar conceitos. Talvez a genialidade destas pessoas não fosse exposta caso elas optassem por viver como a maior parte das pessoas. O desvio da normalidade, seja ele obtido através do método que cada um encontrou, foi fundamental para que a inspiração e o talento encontrassem perfeita sintonia, sincronizassem com precisão.

O corpo cobra cada centavo pelo o que é exigido. Algumas pessoas têm pleno conhecimento disso e ainda assim arriscam. São atletas que se dopam, cirurgias complicadas para alterar padrões estéticos, substâncias que alteram o poder decisório. Tudo isso em prol de uma busca por um resultado que satisfaça, em primeiro lugar, o ego da própria pessoa, mas que, em alguns casos, respigam em nós em forma de arte, cultura, beleza. Obrigado, Amy, pelo sacrifício.

É isso. 

terça-feira, 19 de julho de 2011

IOIÔ



Insistir naquilo em que se acredita é louvável, é fundamental na busca do sucesso tanto pessoal quanto profissional. A persistência deve sempre acontecer, mas é preciso cuidado para não atravessar a tênue linha da teimosia. Pessoas teimosas tendem a ser dar mal, buscam problemas, não abrem mão de pontos de vistas, de opiniões, Tudo isso porque não querem ceder, reconhecer que estão erradas. E nas relações amorosas é que a teimosia mostra sua cara mais cruel, que mais machuca.

Tudo bem que as brigas entre casais são relativamente frequentes, é comum que as desavenças apareçam, que alguns pontos sejam acertados ao longo da relação. É normal também que algumas dessas brigas provoquem separações temporárias, que as pessoas fiquem sem se falar por algum tempo. Mas, para como tudo na vida, existe um limite para isso. Forçar a barra pode tornar o relacionamento um processo doloroso, masoquista. Os pequenos momentos de prazer do pós-briga não pagam o preço das decepções, das mágoas.

Muitos casais vivem isso em suas vidas, forçam uma situação pela qual é visível que não pode dar certo. Na maior parte dos casos, são casais que não observam as diferenças que existem entre eles, relevam num primeiro momento coisas que incomodam demais, pensando que as coisas se acertarão com o passar do tempo. Como já mencionei em outra conversa (Positivo atrai negativo, negativo atrai positivo), acredito que algumas diferenças não são superáveis e não há nada que se possa fazer. Ou melhor, há: não insistir em algo que não melhorará.


Transformar a relação em ioiô, naquele vai e volta interminável, não faz bem. Você perde tempo, empata a vida de quem está ao seu lado, perde oportunidades de conhecer outra pessoa que combine melhor contigo. Tudo isso em prol de uma falsa sensação de segurança, em nome de uma estabilidade imaginada. Na verdade tudo isso se dá em razão de uma enorme insegurança, insegurança por não confiar em si, por ter autoestima baixa, por crer que não encontrará outra pessoa. E assim a relação vai sendo conduzida aos trancos e barrancos, por um tempo que necessariamente irá parecer perdido quando se puder olhar aquilo tudo com um olhar imparcial.

A coragem de tomar decisões tem que partir de algum lado. Ir deixando a coisa correr por trazer episódios muito mais dolorosos, deixar marcas irreversíveis.  O exercício é tentar ver a realidade daquele relacionamento, ver se ele realmente faz bem, tentar se enxergar no futuro ao lado daquela pessoa. Se a visão for positiva e o presente estiver lhe fazendo bem, ótimo. Caso contrário, é interessante pensar um pouco mais e ter atitude para não prolongar um sofrimento que pode e deve ser cessado o quanto antes.

 É isso. 

quinta-feira, 7 de julho de 2011

QUEBRANDO TABUS



Aproveitando a onda deste novo filme do cinema nacional, volto a conversar sobre o tema das drogas. Ainda não assisti a este trabalho, mas pela polêmica que ele está causando pode-se perceber o quanto o assunto é delicado, o quanto incomoda e quantos debates ainda vai gerar. Outro documentário atual que trata o assunto é o chamado “Cortina de Fumaça”, filme novo, que também conta com a participação do novo e badalado garoto propaganda da descriminalização da maconha, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Observando este segundo filme, é possível ver que alguma coisa realmente não anda bem, que o atual modelo de repressão está fadado ao fracasso e que ele é mantido por segmentos que detém interesse na continuidade deste padrão, que lucram muito com isso, com a forma pela qual a coisa é tratada.

É chegado o momento de discutir este assunto com mais profundidade. O Estado gasta rios de dinheiro numa repressão ferrenha, investindo em forças policiais, no judiciário e, principalmente, nos presídios, estruturas que já não mais comportam a quantidade de gente presa por tráfico de drogas, crime que mais leva essas pessoas para trás das grades e que, pela legislação atual, possui penas severas, sempre com reclusão em regime inicialmente fechado.

É preciso entender e enxergar que alguma coisa precisa ser feita com urgência. Apenas demonizar as drogas, repreender sua disseminação, sem dar uma contrapartida, sem ações na área da saúde, da educação, ações sociais, é, como se diz na linguagem popular, enxugar gelo. Aquele traficante preso na esquina é automaticamente substituído por outro, que corre para ocupar o posto e lucrar, ainda que por pouco tempo, com o comércio do entorpecente.

O Brasil é um país onde reina a hipocrisia, aqui os assuntos polêmicos são deixados de lado, principalmente pelos políticos, que temem perder votos por expressar um ponto de vista. Por que não encarar assuntos espinhosos de frente, resolver logo essas questões? Ir cobrindo com panos quentes é cômodo, mas o resultado é desastroso. Deixar do jeito que está é de praxe por aqui, mas até quando vamos suportar?

O pontapé inicial foi dado. O debate precisa surgir. Liberar ou não o consumo da maconha, regularizar a venda ou não, é coisa para o futuro O ponto crucial é discutir, ver o que está errado no atual modelo e buscar as alternativas para melhorar. E é preciso certa urgência neste sentido, sem demagogia, sem hipocrisia, sem preconceitos, sem opiniões baseadas em “achismos”, a coisa precisa ser discutida com dados acadêmicos, estudos científicos, com gente que entende e que possa finalmente resolver.

É isso.

domingo, 12 de junho de 2011

AMOR INCONDICIONAL


“Um cachorro não precisa de carrões, de casas grandes, ou roupas de marca, um graveto esta ótimo pra ele. Um cachorro não se importa se você é rico ou pobre, inteligente ou idiota, esperto ou burro, dê seu coração pra ele e ele lhe dará o dele. De quantas pessoas você pode falar isso? Quantas pessoas fazem você se sentir raro, puro e especial? Quantas pessoas fazem você se sentir... extraordinário?”

São com estas palavras, ditas no excepcional filme “Marley & Eu”, que inicio mais uma conversa. Ter um cachorro próximo é uma experiência que todos deveriam viver. Apesar de saber que não é uma verdade, tento crer que existem apenas duas categorias de pessoas: as que amam os cachorros e as que ainda não os conhecem a ponto de desenvolver este sentimento.

Quem tem ou teve este prazer de compartilhar parte da vida com um cão, vai compreender perfeitamente as linhas que se seguem. Somente quem conhece sabe ver nos olhos daquele animalzinho o tanto de amor que ele sente por seus donos, o sentimento de proteção que ele desenvolve, a necessidade de dar e receber afeto pelo maior tempo possível. É a essência do amor puro, incondicional, sem desejo de algo em troca.

É somente nesta relação que você observa todos os fundamentos pregados por muito aí, fundamentos que as pessoas deveriam seguir, mas não conseguem por motivos diversos, que já estão impregnados na nossa alma. Os humanos jamais atingirão o patamar da pureza dos cães. Ali você enxerga o perdão verdadeiro, reconhece a alegria por sua presença.

Quem você conhece que te admira o tempo todo? Que tenta quebrar as barreiras da comunicação para tentar te entender? Que arrisca a vida para te defender de situações perigosas? De onde acha que nasceu o conceito de lealdade? Veio dali, caro amigo, da relação que o cão tem com seu dono, isso sim é fidelidade, é respeito, é carinho.

Não passe desta vida sem uma experiência assim. Quando der, adote um cachorrinho, traga para seu cotidiano um amigo de verdade. Funciona de maneira oposta aos relacionamentos entre humanos. Geralmente a gente começa bem e vai conhecendo os defeitos, vai se decepcionando. Já com os cães é ao contrário. No início pode ser um pouco difícil, a adaptação tem problemas, mas com o tempo você verá que suas apostas não foram em vão, que sua vida foi pequena até o momento em que você se deixou levar por uma das experiências mais emocionantes de sua vida.

É isso.

Obs: Além do "Marley & Eu', recomendo também outro filme chamado "Sempre ao seu lado", com Richard Gere. Este texto é em homenagem a Cely, uma das coisas mais lindas que já ocorreram em minha vida.Na foto aí ela aparece com sua nova amiga, Laurinha (clone do cachorro dos Simpsons), sobrevivente da tragédia na região serrana do Rio.

terça-feira, 7 de junho de 2011

VITALÍCIO

Estar em um lugar que te faz bem, encontrar pessoas que iluminam sua alma, viver aquilo que realmente deseja para aquele momento. Eu disse algo de errado? Algo fora da lei? Claro que não. O que há de errado nisso? Nada, absolutamente nada. Mas vá tentar fazer isso quando deseja para ver o que acontece. Muitas pessoas não entendem, te criticam, te julgam por atitudes que nem sempre você vai ter.

Como pesar suas atitudes na balança da moral? Ou na balança do bom senso? É possível realmente fazer isso? Não sei, é plausível pensar que as coisas que te agradam vão ser sempre julgadas? E até que ponto você vai suportar críticas e desconfianças cada vez que resolve o seu destino, que decide o que você quer?

Por que as pessoas se preocupam mais em olhar para a vida de outras pessoas? Será esta a explicação do sucesso dos big brother`s (pode escrever esta palavra assim?) da vida? Olhar para os problemas alheios minimiza os nossos? Por alguns instantes até pode parecer que sim, mas no fundo as coisas andam de maneiras bem diferentes. Procurar diminuir as coisas que nos afligem apenas buscando problemas maiores na vida de outras pessoas é atitude patética, mesquinha, de gente que se faz parecer viver em um patamar mais alto que os demais.

Mundinho pequeno, tempo de vida ainda menor, e quais as razões para se limitar desta forma? Respeite as outras pessoas, não invada o espaço que traga desconforto a elas, mas não se imponha barreiras sem sentido, barreiras criadas pela inveja, pela mediocridade alheia. Deixar de fazer coisas que te agradam, coisas que te deixam mais leve, que te dão a sensação de que valeu a pena viver naquele dia, que valeu a pena optar por estar ali, apenas por receio, medo, vergonha, vai fazer você viver uma meia vida, viver menos do que poderia.

Não pode ser chamado de anarquia. Deve ser chamado de felicidade. Precisa ser encarado como meta de alegria, foco em viver, na essência de sentido desta palavra. Cada momento encarado como único, de verdade, sem demagogia. Extraia algo de bom em tudo que viver, pense nas experiências, em quanto aprendeu, em quais sentimentos trocou, no quanto agradou e foi agradado. Encarar os dias assim é a maneira menos traumática de passarmos este pequenos estágio chamado vida.

É isso.

domingo, 8 de maio de 2011

ENTORPECER

Ser aquilo que você não é, fazer coisas que talvez não fizesse, estar em locais improváveis. Desligar-se do mundo real, viver uma realidade diferente. Não, não estou falando sobre distúrbios psíquicos, loucura. Converso aqui apenas sobre um hábito comum para muita gente, o hábito de ingerir bebida alcoólica.

Quais são as razões que levam uma pessoa a beber? O sabor, paladar, deve ser um dos motivos que ficariam por último se fôssemos fazer uma lista. Lógico que no caso dos vinhos, espumantes, o paladar é primordial. Falo sobre as outras bebidas, cerveja, vodka, pinga, entre outras. Aquelas bebidas consumidas em botecos, casas noturnas, que são tomadas por apenas um motivo: entorpecer.

Dentro da linha entorpecer, aparecem outras razões. Uns bebem para esquecer um problema, outros para ficarem menos acanhados, alguns tantos embriagam para viver em um momento situações que acreditam que não viveriam caso estivesses sóbrios. A bebida acaba virando um refúgio, um porto seguro, uma necessidade. Mas ela cobra um preço alto para isso, não deixa barato os minutos de prazer que pode proporcionar. Este preço pode ser resumido em uma simples sentença: falta de limites.

E o que são, afinal, esses limites? Até que ponto é aceitável um desvio de conduta? E o que é a tal conduta? Como pode ser observado, são questão subjetivas, visto que isso depende da medida em que se interfere na esfera alheia a ponto de causar incômodo. É difícil definir o quanto uma atitude pode ser considerada ofensiva a outras pessoas ou mesmo aos chamados bons costumes.

Por outro lado, é bem mais simples ter a certeza de que a bebida é ingrediente sempre (quase sempre, há exceções) presente em conflitos na noite, em confusões, responsável pela chamada ressaca moral, aquela dor na consciência que se tem ao acordar, quando a razão volta à mente, trazendo lembranças de coisas ruins que aconteceram, de pessoas que se magoaram, de frases que nunca deveriam ter sido ditas. É o lado cruel da bebida, trazendo à dura realidade de volta, realidade muitas vezes piorada com o consumo do álcool da noite anterior.

Como sempre, a regra é ponderar. Caso goste, dá para beber até certo ponto, até o momento em que ainda se detém os reflexos, as atitudes. É preciso ser mais forte que a bebida, apesar de ser extremamente difícil este controle após algumas doses. Não se deve colocar a solução passageira de problemas em um copo de cerveja, em uma dose de vodka. Não se deve achar que as coisas que te perturbam vão embora dali para frente. Usar a bebida como refúgio tende a piorar a percepção das coisas ruins quando o efeito do álcool passar, isso se, neste meio tempo, outros problemas até mais graves não surgirem. Pense nisso, é difícil, lógico, o mundo parece não aceitar quando uma pessoa decide parar de beber. Ou ela muda o estilo de vida completamente, abandonando os locais que gosta de ir e até mesmo os amigos próximos, ou será constantemente alvo de chacotas pelo fato de não mais acompanhá-los no brinde. Mas se a convicção for firme, se beber estiver realmente causando problemas, o caminho é evitar o máximo possível.

É isso.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

MOMENTO DE DISCUTIR A QUESTÃO DAS ARMAS DE VERDADE


O acontecimento de tragédias como a que ocorreu na escola do Realengo, no Rio de Janeiro, com diversas crianças mortas com arma de fogo, provocam discussões acaloradas sobre diversos pontos. Independente das outras questões, como desvios de personalidade, falta de segurança nos estabelecimentos públicos (principalmente os da periferia), um assunto que deve, ou deveria, ser amplamente debatido neste momento é a questão das armas em nosso país. Uma discussão profunda, não debates vagos como os que ocorreram quando da aplicação do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/03).

Este Estatuto perdeu a chance de se tornar um marco no enfrentamento da violência, ou em parte dela, no Brasil. Uma lei que poderia ser firme na questão da propriedade de armamento de fogo, se deixou levar por questões menores, influenciadas, sobretudo, por lobby da indústria armamentista no país. Para começar a série de falhas nesta lei, é preciso falar do referendo proposto para discutir o acesso às armas. Com um gasto total de cerca de 600 milhões de reais na organização do referendo, o país foi incitado a votar se queria ou não a venda de armas e munições e, após muita propaganda a favor da indústria bélica, a maioria optou pela continuidade do comércio.

Uma fortuna que poderia ser alocada em outros pontos sensíveis, como educação e saúde, ou mesmo na segurança pública, foi gasta em um referendo no qual nada se explicou a uma população pouco esclarecida sobre o assunto. Independente do resultado, o que o país queria, e ainda quer, é que o acesso às armas de fogo seja limitado e controlado pelo Estado. Ainda que o comércio seja feito nos moldes anteriores, é preciso que estas armas cheguem apenas nas mãos de quem realmente precisa.

Entendo o argumento de que o povo deve ter o direito de se defender, ainda mais em um momento em que a violência aparece cada vez mais no cotidiano. É lamentável uma casa ser invadida por bandidos e um pai de família não poder se defender a contento. Do mesmo modo, o argumento de que bandidos se sentem mais seguros quando sabem que os alvos de assaltos quase nunca poderão reagir também é válido. Acontece que a segurança pública deve ser como o nome diz, ou seja, pública, responsabilidade estrita do Estado, que deve agir com pulso firme, fornecendo a segurança que o povo necessita, no momento em que precisa. Esta responsabilidade não deve ser transferida à população. Ainda moramos em um país regulado por leis e, quer queira ou não, elas devem ser respeitadas, tanto por parte do povo quanto, principalmente, por parte do Estado.

Ainda falando do Estatuto de Desarmamento, vejo uma fragilidade muito grande quando o mesmo trata dos crimes referentes ao porte e a posse de armas de fogo. Desconfio sinceramente das intenções de uma pessoa comum que anda com uma arma. Ainda que ela tenha em mente apenas a sensação de segurança, o simples ato de estar armada a coloca como potencial criminoso e potencial vítima de crimes mais graves, que não ocorreriam caso ela estivesse desarmada. A chance de ocorrer um incidente envolvendo esta arma é potencializada, quer seja numa briga de trânsito, numa discussão de bar, enfim, com uma arma na cintura, é possível que simples desentendimentos se transformem em homicídios.

O crime de porte, por exemplo, que é aquela situação em que a pessoa traz consigo a arma de fogo, deixou de ser temido pelos criminosos. Isso porque o bendito Estatuto colocou como pena para este tipo de crime de dois a quatro anos de reclusão. Ainda que o crime seja inafiançável, esta pena é pequena, pois pode ser cumprida em regime semi aberto ou até mesmo aberto, dependendo dos antecedentes de quem o comete. Como uma pessoa anda armada pelas ruas, é presa e logo depois posta em liberdade? Que tipo de intimidação uma lei desta quer impor?

Não temos, em nosso país, a cultura armamentista, como acontece com os EUA, por exemplo. Aqui não se vendem armas em grandes redes, não é comum ver indivíduos desfilando com armas pelas ruas. Por tudo isso, é preciso que o país aprofunde as discussões sobre este tema. É preciso enfrentar o comércio ilegal de armas, mas também é preciso que as pessoas desautorizadas tenham medo da lei, saibam que a punição por estarem com uma arma de fogo de forma ilegal será pesada, se intimidem com a presença da polícia e deixem de portar e ter a posse de armas. A cultura de paz precisa prevalecer e o Estado precisa assumir com pulso forte, de vez, seu papel na Segurança Pública no Brasil.

É isso.

terça-feira, 1 de março de 2011

UM ELOGIO À VITÓRIA DISSIMULADA

Deparei-me com uma frase que me fez pensar. Ela diz: “O mal de quase todos nós é que preferimos ser arruinados pelo elogio a ser salvos pela crítica”. O autor desta frase é Norman Vincent, um escritor americano que pregava o positivismo, talvez pelo fato de também tiver sido pastor, daqueles que conduziam multidões em suas aparições. Quanta verdade existe nesta pequena frase, quanta filosofia de vida, quantas pessoas!

O que você, caro amigo, já fez, ainda que estivesse passando por cima de seus princípios éticos, em prol de um elogio, de uma promoção, de um reconhecimento? Talvez nem tantas coisas assim, mas por algum momento de nossas vidas, quem sabe apenas um momento, nos vislumbramos com o status, com o poder mais, e deixamos de lado coisas simples que sempre nos nortearam, que sempre cercearam atitudes ruins, daquelas que perturbam quando repousamos a cabeça nos travesseiros.

A pergunta sempre é: valeu realmente à pena fazer aquilo? Toda aquela pompa, aquela ostentação, a colheita dos louros da vitória, enfim, ser colocado no patamar mais alto do pódio, em troca de um ato que põe em cheque tudo aquilo que você acredita, no lugar de uma crença que perdurou por toda sua vida e que, inevitavelmente, ainda perdura?

Somos avessos à críticas, ainda que se ouça por aí discursos que destoam disso (apesar de considerá-los que soam um tanto falso), não gostamos de ser contrariados, rechaçados. A crítica, ainda que feita de maneira suave, com o intuito de engrandecer, sempre atinge de uma maneira dura. Quando fazemos algo com vontade, empenho, e ainda assim esta ação vira alvo de críticas, o sentimento é de derrota, de desânimo. Não deveria.

O remédio para lutar contra tudo isso vem de dentro, vem das atitudes. Que tal fazer as coisas porque realmente acredita nelas, porque elas andam alinhadas com seus princípios, com suas verdades? Que tal pensar que em troca de um evasivo elogio vem um sentimento de gratidão, ainda que este não seja claramente exteriorizado? Que tal pensar que sua atitude realmente fez bem a outra pessoa, ainda que tenha passada despercebida por quem você quisesse que a notasse?

Procure dar valor às críticas, tente enxergar a verdade nelas. Em alguns casos somos criticados sem propósito, quer seja por inveja, quer seja por rancor. Em outros, são críticas infundadas, apenas para desmerecer um trabalho feito. Mas em outros tantos, elas aparecem para nos alertar, mostrar que algo não vai bem, que talvez aquilo que enxergamos está sob a perturbadora nuvem da certeza absoluta que insiste em ficar entre nossos olhos e a ação almejada. É aí que entra a importância das críticas, de tentarmos nos colocar a certa distância, para aí sim obter clareza e a convicção de que optamos pelo caminho certo, o caminho do bem.

É isso.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

AFINAL, O QUE QUEREM AS MULHERES?

Em primeiro lugar, peço desculpas pelo título, mera cópia de uma série de nossa querida (?) Rede Globo. Após isso, afirmo que não sei responder e não tenho a menor pretensão de fazer isso, afinal de contas, ninguém sabe o que uma mulher realmente quer. Mas sei de uma coisa que mulher não quer: homens chatos, daqueles melosos demais, pegajosos.

É comum não darmos valor para coisas fáceis, daquelas que a posse se dá no momento de nosso desejo. Não sei de onde vem a explicação disso, mas caminhar até se atingir um objetivo tem sim seu valor, ainda mais quando este objetivo está quase inacessível em determinando momento. O ser humano está sempre em buscar de superar seus limites, de dar aquele passo além, de conquistar o inimaginável.

Pensando nisso, busco na memória alguns casos em que vi como um cara pegajoso consegue afastar as mulheres em um período tão curto de tempo, logo naquela fase da conquista, onde tudo (ou quase tudo) é lindo, ninguém tem defeitos, o mundo gira em torno só daquela relação. Geralmente as pessoas se dão bem neste início, as pequenas arestas aparentes são facilmente contornadas, em prol de uma esperança de que a relação vai dar certo.

E eis que surge a figura do meloso. O meloso é aquele cara que fica com uma menina e espalha aos quatro ventos que está apaixonado, que encontrou a mulher da vida dele. Minutos após ele já está comprando milhares de presentes, buscando comprar um amor que não está, jamais, a venda. Não bastasse isso, ele vai e coloca uma bela foto dele com a menina na capa de suas redes sociais. Achou pouco? Para completar, ele liga a todo o momento, querendo saber como a menina está, onde está, com quem está. É o Big Brother do xarope, ele quer ver e saber da menina 24 horas por dia.

Muitas mulheres vão dizer que ficariam encantadas com um cara assim, que desse este tanto de atenção, tivesse esta quantidade de zelo. Eu duvido. Não estou afirmando que toda mulher gosta de cafajestes, que preferem ser mal tratadas, que não gostam de atenção. Absolutamente, não é isso. Só afirmo que este tipo de atitude, sufocante, pode até parecer legal no início, mas afasta qualquer mulher quando perdura por muito tempo. Todo mundo gosta de ser paparicado, mas ninguém troca estes mimos por uma falta de liberdade.

No início é que se estabelece algumas bases da relação. Lógico que com o tempo alguns traços da personalidade, sejam eles bons ou ruins, podem aparecer e ajudar no encantamento ou na desilusão, mas o inicio é importante para se passar uma boa imagem, mostrar o valor que se tem. Querer comprar e sufocar pode ter efeito inverso, afastar a pessoa ou, em casos mais críticos, provocar o uso daquela pessoa, que vai ser útil enquanto estiver dando algo, mas que perderá espaço assim que outro, com gestos bem mais simples, tomar o espaço que permaneceu vazio naquele coração.

É isso.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

FUGA

Casos próximos de incidentes envolvendo mortes costumam chamar minha atenção, sobretudo quando estas acontecem com pessoas novas, em momentos e situações inesperadas. Dias desses recebi a noticia de uma pessoa, nova, 18 anos apenas, que se foi. Já seria espantoso se fosse uma morte natural ou até mesmo um acidente, mas o que causou mais surpresa foi o fato dela ter optado por isso, resolveu que seu tempo por aqui já havia chegado ao fim.

A grande pergunta que se faz num momento desses é quais são os motivos de uma atitude dessas. O que pode ter levado a tamanho extremismo? Não entrarei nos méritos deste caso, até porque não tenho conhecimento da realidade desta pessoa, não saberia dizer quais foram as causas daquilo. O que mais chama atenção em casos assim é a falta de sinais, ou melhor, a falta da percepção dos sinais que as pessoas emitem quando não estão bem, quando precisam de atenção.

A resposta aos problemas é individual e o que pode parecer simples para uma pessoa, pode ser uma tempestade para outra. Além disso, a crítica é fácil quando se está de fora, quando não estamos no centro do furacão. E aí vem outra pergunta: o que você tem feito, de verdade, para identificar os conflitos internos e ajudar as pessoas que estão à sua volta? É bem provável que a resposta seja muito pouco ou até mesmo nada. Por pior que possa parecer, esse tipo de comportamento é natural, porque o ser humano carrega consigo uma boa dosagem de egoísmo. E essa dosagem aparece, em seu ápice, em episódios que envolvem suicídios.

Encerrando a vida, a pessoa tem uma falsa sensação de que as coisas caminharão melhor daqui para frente. Os problemas internos, as angústias, estes sim cessarão na última respiração, mas e os outros problemas? E os novos conflitos que surgirão? E o trauma nas pessoas queridas? Pensa-se nisso naquele momento decisivo, na hora de definir se é realmente aquilo que se deseja fazer? Acredito que a resposta seja negativa. O egocentrismo mostra aí sua faceta mais escancarada, você resolve seus conflitos e deixa a bomba nas mãos dos outros.

Tenho consciência que, ao chegar neste limite, a pessoa já não está bem, alguma coisa muito importante a corrói a cada dia mais, a convivência com si mesmo torna-se insustentável. Ainda que tudo isso esteja ocorrendo, o caminho da resolução, com total certeza, não é esse optado, ou melhor, não deve ser esse. Não se resolve os problemas com a fuga, quer seja na mudança física, no abandono, quer seja com o suicídio. Deixar as coisas para trás, com o intuito de achar que sua simples ausência vai resolver ou minimizar os conflitos, é mostra de fraqueza.

Fugir, largar, deixar, abandonar, são verbos típicos daqueles que não batem de frente com seus problemas, que esperam sempre que outras pessoas venham para resolver situações quase sempre criadas por elas mesmas. Afinal de contas, é muito mais simples largar a bomba nas mãos dos outros do que assumir que errou, que ainda que a culpa tenha sido sua, quase sempre é possível reverter, diminuir os impactos, dar um ponto final e partir para uma reabilitação.

Pense nisso, caro amigo. Seu problema, comparado com o que ocorre com um tanto de pessoas por ai, é praticamente nada. Vai fugir só por isso? Vai abandonar tudo o que criou, largar quem gosta de você, para, lá longe, achar que as coisas vão entrar no eixo? Não combina contigo essa atitude, erga seus ombros, empine o nariz e olhe de frente, que você verá que é muito maior do que qualquer situação que te incomode.

É isso.


OBS: Segue aí uma música do Jorge e Matheus, chamada "Aí já era". Achei bonita, boa letra, boa melodia.